…e sentou-se no
muro do poço. Enquanto a vaca, de olhos tapados com a careta, dava voltas e
mais voltas ao redondel com o cambão no cachaço, subjugada a ele através da
brocha no pescoço e das apiaças nos cornos, ele, calado, de pés assentes numa
das vigas de suporte do engenho, ia-se baixando sempre que o cambão por ele
passava.
Era um jogo que já
durava há muito tempo e muito tempo havia ainda de durar!
O sol batia-lhe
agora já com força na cara e olhos e quase o fazia caçumbar, mantendo-se, no
entanto, desperto não fosse o diabo tecê-las e afocinhar para dentro do poço,
agora já meio de água, com meio metro acima do balseiro, sensivelmente metro e
meio de água contado da cova dos alcatruzes.
Lembrava com
saudades o Pai que andava longe e prometeu vir este ano trazendo-lhe a tão
ansiada prenda. Queria lá ele saber se o Pai a tinha encontrado na pebéla ou se
a tinha comprado nalgum sítio. O que sabia é que iria ter uma prenda dada pelo
Pai. Já antecipava o prazer que lhe daria o fato de poder aventurar-se com ela,
sozinho, sem ter que a repartir com ninguém mais. E que estalidos daria? Ouvir-se-iam
muito longe? Seria ele capaz de fazer mais figura com a pressão de ar do que
com a funda e costelas? Que o tempo corresse depressa e o Pai viesse com vida e
saúde e que não se esquecesse da prometida prenda! Ai se a chega a ter na mão!
Iria ter tempo de tirar todas as dudas que o afligiam agora. Mas que falta ela
lhe estava já a fazer. Podia muito bem estar a treinar a pontaria enquanto
guardava e tocava a vaca para que não faltasse a água no cavalo à mãe e ela
regasse os traveses depressa, regadeira a regadeira…