domingo, 28 de junho de 2015

Foi a primeira a que conseguiu chamar sua!


… A hora estava a aproximar-se. Estava inquieta. De vez em quando sentia-a mugir duma forma diferente, languida e quase se adivinhava dolorosamente. Estava sem sombra de dúvida a aproximar-se o momento. Verdade seja dita que podia ter escolhido uma hora mais própria. Mas essa escolha não estava ao seu alcance. E também já não era a primeira vez, nem a segunda! Já lhe tinha feito as camas de seco porque já notava alguma inquietação nela. Mal comeu… murcha…

Deitada na cama não lhe saía da cabeça a sua estrela! Era quase tudo o que tinha. Foi a primeira a que conseguiu chamar sua! As outras foram todas de meias…

Sobressaltou-se quando ouviu uma berradela mais forte e longa… Mas não se levantou logo. Assim esteve não soube precisar por quanto tempo, até que veio a si, deu um salto, enfiou a saia, vestiu o chambre, calçou os tamancos e lá foi até à cozinha onde acendeu o candeeiro e, munida desta luz, rumou ao curral, situado paredes meias com a casa da eira. A estrela estava deitada… gemia baixinho. Achegou-se à majadoira, folgou a soga que lhe prendia os cornos à mesma dando-lhe assim mais uns centímetros de liberdade à cabeça…

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