O acampamento meio aciganado à sombra e abrigo do
edifício do antigo estaleiro, a salada russa disponibilizada pela Mila, o
fogo-de-artifício no Mar, os galos velhos da Fátinha, os leitões do Rui, a
Corrida de Bateiras à Vela, a Corrida de Chinchorros, o carapau do Fernando
Maranhão, as inúmeras minis (e algumas minis maiores!), o champanhe
fresquíssimo, os garrafões de rico tintol e a chuva torrencial que deu banho
aos ousados e corda nos sapatos aos mais incautos e destemidos foram as imagens
de marca e motivo para o título da presente crónica.
Razões tiveram o Maranhão e a Glória (que nós
francamente desconhecemos!?!) para partirem como imigrantes para tais terras
com a promessa de, dali, procederem ao envio cartas de chamada para as famílias
amigas (leia- se Raul, Mila e sobrinhas netas, Pereira, Fátinha e Gonçalo,
Ceirão e Sofia, Jorgito, Guida e prole, Jonathan, Joana e o ai Jesus da festa
(entenda-se Iris!), Duda e Ana, Márcio e Katiusca, Fernando Maranhão e Eliete e
o Mano Velho Luís) para os presentearem com as delicias do local e convívio ali
criado, grupo a que gostosamente se juntou ainda o Rui Castelhano, a Celeste, a
Avó Lena e dois casais amigos e residentes nas proximidades do local, mais
propriamente do outro local do canal de Ovar da Ria de Aveiro.A coisa começou a prometer e cedo tomou forma, ficando reforçado o grupo inicial com os pesos pesados chegados quase no fim do dia.
Os tempos iniciais dos imigrantes em terra alheia são
sempre difíceis, levando os empreendedores da missão algum tempo a
ambientar-se. Mas, cai aqui, bebe em todo o lado, levanta-se acolá, deixam
rasto e trilham alegremente o caminho que o futuro lhes reserva.
De mais a mais que os anfitriões se aprimoraram com a
marcação e delimitação dos lugares para edificação das maisons de trapo de
todos e cada um dos que receberam a carta que os ali levou desunhando-se em
diligências para que todos se acomodassem no mais curto espaço de tempo e
usufruíssem das melhores condições do local: água canalizada nas proximidades,
energia elétrica no candeeiro apagado, WC’s disponibilizados após presença em
filas compactas, variedades em anfiteatro e programas musicais, ao vivo,
durante toda a noite, bebidas sempre frescas à custa dos garrafões de água
gelada, etc.
Funcionou lindamente o catering não faltando os ovos
fritos, cozidos e… crús (?!) no período próximo do raiar do sol. Tampouco foi
descuidada a programação do passeio para ver nascer este astro, à beira mar,
como ansiava a Fátinha…
Aventuraram-se pela desconhecida Avenida do Comércio,
com mais de um quilómetros de comprimento, ladeada dum lado por feirantes
amontoados e do outro por idênticos comerciantes, acomodados, e comenta aqui,
critica ali, chegaram ao confronto com uma barraca de chouriças, queijos,
torresmos, bacalhau e boa disposição, com pregões sui géneris como “ compre
aqui minha senhora, compre! Compre aqui que estes raios não estão cá para me
dar lucro nenhum” (calhando referindo-se ao nosso grupo!) logo ali se muniram
de queijo, chouriça e painhos para acomodar o estomago e assim fazer peito pró
que desse e viesse.
E assim, de saco de plástico na mão, percorrem a
mencionada avenida, rumo ao Alberto das botas para bateram com o nariz na
porta!
Já está fechado há algum tempo!
O facto não os demoveu! Recuaram um pouco e
abaquetaram-se frente a umas canecas dignas desse nome e de uma pratada de
caracóis do mar… deliciando-se (ou não, pois nem cheiro largavam!) com o esgar
de sofrimento que mostrava um manobrador de espeto onde havia depositado dois
couchons, sem casaco e gordura limpa que teimavam em dançar a zumba mesmo na
incómoda posição em que os colocaram.
Os primeiros tempos foram de ambiente encantador, com
clima e temperatura agradáveis e a coisa parecia correr sobre rodas. Soube
deliciosamente a salada fria apresentada pela Mila. O dia foi longo. Teve muito
mais que vinte e sete horas, as três últimas gastas no gládio e refreio de quem
os queria combater e dominar: a fome, a sede e a boa disposição! E surge nesse
momento a primeira surpresa: Alguém, que se veio a saber estar ali para o mesmo
fim, ter dado a entender que era exímio tocador de gaita-de-beiços, facto que
levou os mais novos a, munidos de guitarra, cavaquinho, jambé e reco reco, se
deslocarem à maison de trapo donde saía o agradável som e, descaradamente,
defrontarem o individuo tocando, cantando e fazendo com que o Fernando Maranhão
se saísse com um convite franco, pronunciado em elevado e imperativo tom de
voz: Temos aqui um artista! Que se apresente e engrosse o grupo! E não é que o
Homem veio mesmo e quase se esqueceu de que não conhecia nem era conhecido de
ninguém?
Pois já se tinha ido o som das três quando a farra
prometeu acabar!
Mas o Maranhão que se lembrou que ainda não tinha
ceado!!!!
A conversa agradou ao Ceirão que de imediato saiu da
maison e se dirigiu para a área comum, anexa “á despensa” donde saíram uns
ovitos, umas chouriças, uns queijos e… umas minis!
Assim sim! Agora já podiam ir descansar que outro dia
estava já á porta…
E começou pouco depois um ritmado baque, baixinho e
cadenciado que até parecia música suave para os ouvidos dos que se encontravam
já a saborear o conforto da falta de lençóis! Mas a coisa compôs-se rapidamente
e mais um dia surgiu...
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