domingo, 22 de maio de 2016

Acampamento meio aciganado ...


O acampamento meio aciganado à sombra e abrigo do edifício do antigo estaleiro, a salada russa disponibilizada pela Mila, o fogo-de-artifício no Mar, os galos velhos da Fátinha, os leitões do Rui, a Corrida de Bateiras à Vela, a Corrida de Chinchorros, o carapau do Fernando Maranhão, as inúmeras minis (e algumas minis maiores!), o champanhe fresquíssimo, os garrafões de rico tintol e a chuva torrencial que deu banho aos ousados e corda nos sapatos aos mais incautos e destemidos foram as imagens de marca e motivo para o título da presente crónica.
Razões tiveram o Maranhão e a Glória (que nós francamente desconhecemos!?!) para partirem como imigrantes para tais terras com a promessa de, dali, procederem ao envio cartas de chamada para as famílias amigas (leia- se Raul, Mila e sobrinhas netas, Pereira, Fátinha e Gonçalo, Ceirão e Sofia, Jorgito, Guida e prole, Jonathan, Joana e o ai Jesus da festa (entenda-se Iris!), Duda e Ana, Márcio e Katiusca, Fernando Maranhão e Eliete e o Mano Velho Luís) para os presentearem com as delicias do local e convívio ali criado, grupo a que gostosamente se juntou ainda o Rui Castelhano, a Celeste, a Avó Lena e dois casais amigos e residentes nas proximidades do local, mais propriamente do outro local do canal de Ovar da Ria de Aveiro.

A coisa começou a prometer e cedo tomou forma, ficando reforçado o grupo inicial com os pesos pesados chegados quase no fim do dia.

Os tempos iniciais dos imigrantes em terra alheia são sempre difíceis, levando os empreendedores da missão algum tempo a ambientar-se. Mas, cai aqui, bebe em todo o lado, levanta-se acolá, deixam rasto e trilham alegremente o caminho que o futuro lhes reserva.

De mais a mais que os anfitriões se aprimoraram com a marcação e delimitação dos lugares para edificação das maisons de trapo de todos e cada um dos que receberam a carta que os ali levou desunhando-se em diligências para que todos se acomodassem no mais curto espaço de tempo e usufruíssem das melhores condições do local: água canalizada nas proximidades, energia elétrica no candeeiro apagado, WC’s disponibilizados após presença em filas compactas, variedades em anfiteatro e programas musicais, ao vivo, durante toda a noite, bebidas sempre frescas à custa dos garrafões de água gelada, etc.

Funcionou lindamente o catering não faltando os ovos fritos, cozidos e… crús (?!) no período próximo do raiar do sol. Tampouco foi descuidada a programação do passeio para ver nascer este astro, à beira mar, como ansiava a Fátinha…

Aventuraram-se pela desconhecida Avenida do Comércio, com mais de um quilómetros de comprimento, ladeada dum lado por feirantes amontoados e do outro por idênticos comerciantes, acomodados, e comenta aqui, critica ali, chegaram ao confronto com uma barraca de chouriças, queijos, torresmos, bacalhau e boa disposição, com pregões sui géneris como “ compre aqui minha senhora, compre! Compre aqui que estes raios não estão cá para me dar lucro nenhum” (calhando referindo-se ao nosso grupo!) logo ali se muniram de queijo, chouriça e painhos para acomodar o estomago e assim fazer peito pró que desse e viesse.
E assim, de saco de plástico na mão, percorrem a mencionada avenida, rumo ao Alberto das botas para bateram com o nariz na porta!

Já está fechado há algum tempo!
O facto não os demoveu! Recuaram um pouco e abaquetaram-se frente a umas canecas dignas desse nome e de uma pratada de caracóis do mar… deliciando-se (ou não, pois nem cheiro largavam!) com o esgar de sofrimento que mostrava um manobrador de espeto onde havia depositado dois couchons, sem casaco e gordura limpa que teimavam em dançar a zumba mesmo na incómoda posição em que os colocaram.

Os primeiros tempos foram de ambiente encantador, com clima e temperatura agradáveis e a coisa parecia correr sobre rodas. Soube deliciosamente a salada fria apresentada pela Mila. O dia foi longo. Teve muito mais que vinte e sete horas, as três últimas gastas no gládio e refreio de quem os queria combater e dominar: a fome, a sede e a boa disposição! E surge nesse momento a primeira surpresa: Alguém, que se veio a saber estar ali para o mesmo fim, ter dado a entender que era exímio tocador de gaita-de-beiços, facto que levou os mais novos a, munidos de guitarra, cavaquinho, jambé e reco reco, se deslocarem à maison de trapo donde saía o agradável som e, descaradamente, defrontarem o individuo tocando, cantando e fazendo com que o Fernando Maranhão se saísse com um convite franco, pronunciado em elevado e imperativo tom de voz: Temos aqui um artista! Que se apresente e engrosse o grupo! E não é que o Homem veio mesmo e quase se esqueceu de que não conhecia nem era conhecido de ninguém?
Pois já se tinha ido o som das três quando a farra prometeu acabar!

Mas o Maranhão que se lembrou que ainda não tinha ceado!!!!
A conversa agradou ao Ceirão que de imediato saiu da maison e se dirigiu para a área comum, anexa “á despensa” donde saíram uns ovitos, umas chouriças, uns queijos e… umas minis!

Assim sim! Agora já podiam ir descansar que outro dia estava já á porta…
E começou pouco depois um ritmado baque, baixinho e cadenciado que até parecia música suave para os ouvidos dos que se encontravam já a saborear o conforto da falta de lençóis! Mas a coisa compôs-se rapidamente e mais um dia surgiu...

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