sábado, 13 de março de 2010

"... dar as voltas era diário!"

... Era mais uma forma natural de obter, a longo tempo, mais umas carradas de fertilizante para os terrenos! Na altura da Páscoa, era espalhada pela estrumeira, uma camada de agulhas novas, sobre as velhas, davam um “ar” mais limpo á zona, e, com o tempo, apodreciam e aumentavam a camada do estrume a carregar depois para as terras. Uma vez por ano, a estrumeira era limpa na totalidade, dali retirando todo o mato e agulhas acumulado, bem como o “esterco” retirado dos currais e carregado para montes nas terras, para depois ser utilizado nas sementeiras. Muitas das vezes ali era colocada depois uma ou outra carrada de areia branca para nivelar o chão e receber nova camada de mato e agulhas de pinheiro, secas. A entrada para a casa gandaresa, acontecia sempre pelo portão que dava acesso ao pátio e deste para a estrumeira, e daqui para o alpendre, caso houvesse intenção de ir para a cozinha ou para os currais que para ali tinham as portas viradas. Entre a estrumeira e o quintal, havia um poço com uma bomba manual, de lusalite, para retirar a água para consumo na cozinha e dar aos animais, uma eira (espaço normalmente de forma quadrada, chão em argamassa de cimento e limites deste espaço com uma “parede” formada por “um adobe á frente do outro” e com a altura desse mesmo adobe para impedir que os cereais que ali eram colocados a secar (apanhar sol) saíssem e se espalhassem pelo terreno adjacente. Todo o restante espaço era parte integrante do denominado quintal. Para aqui (para o quintal) eram carregados todos os “bens” necessários ao desenrolar da vida do Casal. Aqui eram implantadas as medas de palha e a cabana. Aqui eram amontoadas as carradas de trancas para fazer face ás necessidades de lenha para cozer os alimentos e aquecimento da casa. Perto destas carradas de lenha, normalmente muito próximo da eira, existia um cepo de pinheiro e quase sempre um machado para partir a lenha em pedaços pequenos para usar no borralho. Este espaço era denominado o cascalheiro, assim designado pela quantidade de pedaços de cascalha e de ramos de pinheiro que ficava espalhada pelo chão, amontoada, devido ao efeito da queda do gume do machado sobre as trancas. De salientar que todo o terreno do quintal era aproveitado milimetricamente, sem desperdiçar espaço. Era também no quintal que se cultivavam as “novidades” para a panela, onde era mais fácil acorrer para colmatar uma falta e, por ser um local entre muros de casa, espaço de eleição para trabalhar fazendo a horta tão útil quanto agradável de ver...

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