... mesmo frente à boca do forno, dentro da chaminé. O lume com
o seu crepitar convidava ao silêncio e à aproximação. Abriu as mãos e, com as
palmas voltadas para baixo, estendeu os braços em direção às chamas. Que bem
que sabia aquele quentinho que lhe entrava por entre os dedos e dali percorria
todo o corpo, indo mesmo até à planta dos pés. Descalçou os tamancos e pôs os
pés em cima do coiro que lhe servia de proteção de modo que começou a sentir
também e por ali o calor a entrar e a aquecê-lo com prontidão. Agora já se
sentia mais aconchegado e até parecia que tinha a mente mais clara para poder
continuar com as cogitações que o importunavam e lhe ocupavam o tempo. Não
podia levar a termo como é que o rapaz não enxergava o mal que andava a fazer a
ele próprio e aos que com ele habitavam. Cheio de boas palavras e melhores
intenções, perdia a arrogância quando os efeitos se começavam a dissipar e,
languidamente, a vida recomeçava a manifestar-se no seu corpo. Era o momento em
que não aceitava de forma nenhuma que, fosse quem fosse, ousasse falar-lhe do
passado recente e da figura e atitudes que tinha tomado.
Sabia perfeitamente que à
porta tinha uma semana de duro trabalho…