… de tal maneira andava entretida no seu trabalho que nem se apercebeu que caía uma morrinha miudinha que se ia entranhando até aos ossos, varando toda a roupa.
Com um pé no rego e outro na marja, lá ia cortando o pasto, mão cheia a mão cheia, com o foicinho que manejava com a mão direita.
No silêncio
campesino entrecortado pelo som fugidio do chilrear de um ou outro passarito,
lá andou até cortar todo o pasto da terra.
Nunca a cabeça
levantou nem o tronco soergueu. Atrás de si iam ficando gabelas sucessivas de
pasto que depois iria agrupar em feixes, fazendo zargas que fariam arquejar o
mais forte, tal o seu peso e tamanho. Punha gabela sobre gabela, tantas quantas
a corda de feixe podia abraçar.
A dada altura
começou a sentir uns arrepios pela espinha e levantou-se ficando a observar o
que o rodeava. Em toda aquela zona não enxergava vivalma. Andava sozinha com
Deus na sua labuta diária. Aos calafrios associou-se uma tontura súbita e umas
redes nos olhos que a não deixavam enxergar nem ao perto. Sentou-se na marja
com os pés na estrema e baixou a cabeça para entre os joelhos. Assim se manteve
até que tudo voltou ao normal. Não deu valor ao caso pois a empreitada era
grande e urgia realizá-la quanto antes até porque o tempo ameaçava agora chuva
forte…
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