sábado, 6 de junho de 2015

Com um pé no rego e outro na marja,




… de tal maneira andava entretida no seu trabalho que nem se apercebeu que caía uma morrinha miudinha que se ia entranhando até aos ossos, varando toda a roupa.
Com um pé no rego e outro na marja, lá ia cortando o pasto, mão cheia a mão cheia, com o foicinho que manejava com a mão direita.
No silêncio campesino entrecortado pelo som fugidio do chilrear de um ou outro passarito, lá andou até cortar todo o pasto da terra. Nunca a cabeça levantou nem o tronco soergueu. Atrás de si iam ficando gabelas sucessivas de pasto que depois iria agrupar em feixes, fazendo zargas que fariam arquejar o mais forte, tal o seu peso e tamanho. Punha gabela sobre gabela, tantas quantas a corda de feixe podia abraçar.
A dada altura começou a sentir uns arrepios pela espinha e levantou-se ficando a observar o que o rodeava. Em toda aquela zona não enxergava vivalma. Andava sozinha com Deus na sua labuta diária. Aos calafrios associou-se uma tontura súbita e umas redes nos olhos que a não deixavam enxergar nem ao perto. Sentou-se na marja com os pés na estrema e baixou a cabeça para entre os joelhos. Assim se manteve até que tudo voltou ao normal. Não deu valor ao caso pois a empreitada era grande e urgia realizá-la quanto antes até porque o tempo ameaçava agora chuva forte…

Sem comentários:

Enviar um comentário

Arquivo do blogue