Andou na moina todo
o dia. Com as calças rotas nos joelhos, agora via-se em palpos de aranha para
arranjar uma desculpa para apresentar à mãe de modo a que o mexedor não se
fizesse sentir mais intensamente quando chegasse a casa. Sim, ele já sabia que
tinha o destino traçado: quando chegasse a casa iria apanhar mais uma vez para
não quebrar a rotina a que estava habituado. E de nada lhe valia chorar e
chamar-lhe mãezinha ou prometer que não voltava a acontecer. A vontade de ir
por aquela vala fora, de calças arregaçadas até ao joelho, de pé descalço,
correndo o risco de sair todo arranhado pelas silvas ou de cair na água e ficar
todo molhadinho, era superior ao cumprimento do dever de fazer as obrigações
que a mãe lhe deixou destinadas quando ia andar de fora, trocar tempo ou ao
jornal. Até reconhecia que a mãe fazia grande esforço para o trazer limpo,
anafado e mais ou menos asseado mas a vontade de ir aos ninhos era mais forte
do que o dever de ficar e cumprir.
A primeira ainda
não tinha ganho vez nenhuma e por isso mesmo já conhecia o mexedor em todos os
seus lados. Ainda bem que a mão o agarrou pela mão e só lhe assentou o mexedor
no cu. Estalava mas já começava a ganhar calo…
Mas que raio. Como
é que ele foi logo escorregar de tal maneira que o toco da tranca lhe apanhou a
perneira no joelho, se enganchou e lhe rasgou as calças. E que corte ele tinha
na perna também… Mas a perna era o menos. Ferveria água com folhas de
eucalipto, lavava bem lavadinho e punha um pouco de azeite. Se aquele
tratamento curava a capação dos porcos, e eram dois cortes tão fundos, também
havia de lhe sarar a ferida do joelho que embora mais comprida, eram muito mais
baixa…
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