quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Andou na moina ...


Andou na moina todo o dia. Com as calças rotas nos joelhos, agora via-se em palpos de aranha para arranjar uma desculpa para apresentar à mãe de modo a que o mexedor não se fizesse sentir mais intensamente quando chegasse a casa. Sim, ele já sabia que tinha o destino traçado: quando chegasse a casa iria apanhar mais uma vez para não quebrar a rotina a que estava habituado. E de nada lhe valia chorar e chamar-lhe mãezinha ou prometer que não voltava a acontecer. A vontade de ir por aquela vala fora, de calças arregaçadas até ao joelho, de pé descalço, correndo o risco de sair todo arranhado pelas silvas ou de cair na água e ficar todo molhadinho, era superior ao cumprimento do dever  de fazer as obrigações que a mãe lhe deixou destinadas quando ia andar de fora, trocar tempo ou ao jornal. Até reconhecia que a mãe fazia grande esforço para o trazer limpo, anafado e mais ou menos asseado mas a vontade de ir aos ninhos era mais forte do que o dever de ficar e cumprir.

A primeira ainda não tinha ganho vez nenhuma e por isso mesmo já conhecia o mexedor em todos os seus lados. Ainda bem que a mão o agarrou pela mão e só lhe assentou o mexedor no cu. Estalava mas já começava a ganhar calo…

Mas que raio. Como é que ele foi logo escorregar de tal maneira que o toco da tranca lhe apanhou a perneira no joelho, se enganchou e lhe rasgou as calças. E que corte ele tinha na perna também… Mas a perna era o menos. Ferveria água com folhas de eucalipto, lavava bem lavadinho e punha um pouco de azeite. Se aquele tratamento curava a capação dos porcos, e eram dois cortes tão fundos, também havia de lhe sarar a ferida do joelho que embora mais comprida, eram muito mais baixa…


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