_ Então e lê e escreve com todo esse à
vontade e perfeição?!
- Sabes que o meu professor Silvaninho,
embora o não achasse grande rês, não deixava os seus créditos por mãos alheias.
Lá tinha a sua maneira de ensinar… bruto que nem uma porta, mas eu acho que os
professores eram todos assim! Tanta porrada naquela altura e agora, olha, é o
que se vê. Passou-se de um extremo para outro. Do tudo para o nada! Mas são os
tempos. Naquele tempo aprendia-se com os ensinamentos do Professor e com o medo
de apanhar por não se saber! Esquisita forma de ensinar, não era? Mas olha que
mito raros eram os aqueles que assim não faziam! Havia quem dissesse que os
lombinhos, as febras e as galinhas também eram forma de reduzir e amenizar a
força das reguadas e canadas. Mas olha que, na casa de meus pais, tudo o que
ali nascia e se criava, tirando o quinhão do Senhor Doutor e o lombinho do
Senhor Prior, eram para consumo regrado daquela casarada de gente. Alguns domingos
lá se comia uma galinhazita com batatas, mas, tirando isso, só por doença se
manjava tal iguaria. As galinhas eram para por ovos para vender e, às vezes,
comer!
Mas voltemos aos tempos de escola…
Quando, naquele dia sete de outubro, aos
sete anos a minha mãe me lavou, me vestiu as calças de zuarte e a camisa de
riscado, me calçou uns tamancos novos e me pôs uma mala castanha, de papelão,
às costas, com uma lousa e um ponteiro lá dentro e mandou para a escola (tás
admirado? Me mandou, sim, me mandou! Eu fui sozinho no meu primeiro dia de e
para a escola!) eu nem cabia em mim de contente! Olha que acho que nem os pés
eu punha no chão! Tinha comido uma canecada de café de borra com miolo de broa.
E que bem que ele me soube! Passados quase noventa anos, parece que ainda tenho
aquele gosto na boca! Ai como eu me lembro daquele dia sete de outubro… Olha
que éramos alguns trinta em cada sala da escola. Trinta todos na mesma sala!
Alguns eram mais velhos, da 2ª. 3ª. E 4ª. Classes. Mas sempre nos demos muito bem
uns com os outros. Da primeira, éramos onze. E noutra sala, da parte das
meninas, deveriam ser outras tantas. Aquilo é que era garotada na escola! Agora
parece que nem filhos querem! Ou eu me engano muito, ou daqui por poucos anos
vão ter que encarar e resolver um problema para o qual não vislumbro solução.
Pode ser que as máquinas, com todo o modernismo que por aí há, passem a fazer
as mesmas coisas que os homens e mulheres. Calhando…
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