sábado, 29 de agosto de 2015

só veio a si quando começou a ouvir o alarido...


Nesta cogitação deu consigo sentado dentro da cabana da palha, junto da eira e só veio a si quando começou a ouvir o alarido e alazoado da mãe a chamar por ele em altos berros e a dizer que o desancava com elas. É o apareces!

Aconchegou-se mais e desviou-se do sítio onde sabia que a mãe iria, mais tarde ou mais cedo, buscar a gabela da palha para dar à vaca. Ali não tinha frio e podia aguardar calmamente até arranjar uma razão para justificar o rasgão das calças novas de cotim. Mas a perna que lhe começou a doer! Relhou os dentes com força e assim se manteve até que amadornou e adormeceu…

Não sabe o que se passou naquele intervalo de tempo. Só sabe que era já noite escura quando o avô o agarrou e o levantou, gritando para a filha que já o tinha encontrado.

A mãe tinha chegado a casa e enregado a dar as voltas, não sem antes o ter chamado em altos berros.
Como de costume, ele ouvia os gritos dela e ficava a saber que eram horas de regressar a casa. Mas nesse dia, com medo à tareia por causa das calças rotas, escondeu-se na cabana da palha e adormeceu. Esteve ali algumas duas horas ou mais pois se até o avô já andava à procura dele… E a mãe garantia que já tinha ido à cabana e não o tinha visto lá… Mas o avõ, que ainda ouvia muito bem e sentiu um quase ronronar e remexer da palha, sem meias medidas meteu a mão e, imagine-se, agarrou o fidalgo…

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