Nesta cogitação deu
consigo sentado dentro da cabana da palha, junto da eira e só veio a si quando
começou a ouvir o alarido e alazoado da mãe a chamar por ele em altos berros e
a dizer que o desancava com elas. É o apareces!
Aconchegou-se mais
e desviou-se do sítio onde sabia que a mãe iria, mais tarde ou mais cedo,
buscar a gabela da palha para dar à vaca. Ali não tinha frio e podia aguardar
calmamente até arranjar uma razão para justificar o rasgão das calças novas de
cotim. Mas a perna que lhe começou a doer! Relhou os dentes com força e assim
se manteve até que amadornou e adormeceu…
Não sabe o que se
passou naquele intervalo de tempo. Só sabe que era já noite escura quando o avô
o agarrou e o levantou, gritando para a filha que já o tinha encontrado.
A mãe tinha chegado
a casa e enregado a dar as voltas, não sem antes o ter chamado em altos berros.
Como de costume, ele ouvia os gritos dela e ficava a saber que eram horas de
regressar a casa. Mas nesse dia, com medo à tareia por causa das calças rotas,
escondeu-se na cabana da palha e adormeceu. Esteve ali algumas duas horas ou
mais pois se até o avô já andava à procura dele… E a mãe garantia que já tinha
ido à cabana e não o tinha visto lá… Mas o avõ, que ainda ouvia muito bem e
sentiu um quase ronronar e remexer da palha, sem meias medidas meteu a mão e,
imagine-se, agarrou o fidalgo…
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