
Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Gratas lembranças... (3)
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Saí agora mesmo do consultório e parei, sentando-me, no muro da Fonte.
Por momentos, perdi-me no tempo e no espaço e rumei em direcção aos Ribeiros… depois recuei, voltei ao sítio onde me encontrava e soltei as amarras do presente, permitindo uma viagem rápida ao passado. Pelo caminho, como que a descansar, ia tentando imaginar a forma mais eficaz de dar a conhecer aos meus rebentos os acontecimentos que sabia terem existido noutros tempos ou ocorrido nesse mesmo espaço.
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Não precisei de andar muito pois encarei, logo ali ao dar da curva da primeira rua á direita, com ela, cantara deitada á cabeça, sobre a rodilha, e prato de esmalte e caneca na mão. Que engraçada e airosa estava o raio da cachopa! Cada vez se me metia mais pelos olhos dentro (e fazia por não deixar transparecer esses sentimentos, ou estaria eu enganado e ela reservava o coração para outro?)!
Bom dia Maria! Bons olhos te vejam (mas não outros que os meus!). Então, tão de corrida?
E ela, de forma rasgada, desabridamente, com a simplicidade que nela era subtil e natural, diz-me só: faltou a água em casa e, dei aqui uma corrida enquanto as sopas acabam de se cozer!
Bom dia, Deus vos una que… juntos já estais! Foram as palavras proferidas pela Ti Aurora que passava com o seu cavalo na volta da venda do “charro de par” enquanto a “Rola Tola”, mulher pequena, magra, vestida de preto, face quase escondida pela manta que lhe cobria a cabeça, mãos atrás das costas segurando os restos daquilo que já foi um foicinho, seguia rumo a… ninguém sabe onde. Ninguém sabe, não é bem assim, pois assim que lhe surgir pela frente um fedelho arrebitado que ouse “fazer-lhe um risco (traço) com o pé de forma a que ela o veja”, voltará de imediato pelo mesmo caminho, mas por ali, passar sobre a linha, isso é que não passará! Mal ludibriava o traço feito no chão, dava inicio a uma lenga-lenga, que parecia soar como que “raios te parta, raios te parta, raios te parta…”
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