quinta-feira, 23 de abril de 2009

Gratas Lembranças... (4)

… passei agora mesmo á porta do Ti Alberto Aveiro. Casa gandaresa situada a escassos metros da Fonte da Meneza, local onde tem inicio o carreiro que pretendo percorrer e me levará até ás Sardas e Cova de Baltazar, ambos nas Cabeças Verdes. Carreiro mais não é que um caminho de pé, utilizado pelas pessoas muitas das vezes para atalhar caminho e poupar tempo nas deslocações de casa para as terras e destas para casa. Não passa de uma extrema de terrenos, sem marcos que sirvam de obstáculos impeditivos ao trânsito exclusivo de peões que nada transportem ou transportem exclusivamente alfaias agrícolas, aos ombros ou á cabeça. O mais célebre (pela utilização que lhe era dada) era exactamente este que me proponho percorrer e que ainda é possível observar, localmente designado por Carreiro da Fonte, embora outros houvesse mas de menos intensiva utilização. Por ele se faziam deslocar os adeptos da água da Fonte da Meneza ou moradores do Seixo em deslocação para terras no fojo. Que regalo ver o equilíbrio na cabeça das cachopas e mulheres que, sem levar as mãos á cabeça, faziam todo o caminho de casa para a fonte, a cantara sobre a rodilha, deitada e apoiada pelo bojo, e desta para casa, de pé, apoiada na rodilha colocada sobre a cabeça, e com a boca tapada com o prato de esmalte e sobre este a caneca, também de esmalte, de fundo ao ar. Muitas cantaras se partiram também, não era só coisas boas que aconteciam. Pelos motivos mais dispares que possam imaginar-se, desequilíbrio repentino, “encepadela”, conversa mais excitada, aparecimento de alguém de forma brusca e inesperada, … Nas minhas cogitações, aproximo-me do local onde outrora tinha casa e viveu a Ti Rita da Toita! Francamente não tive o prazer de a conhecer (nem, diga-se de passagem, me aventurei ainda a desvendar quem serão os eventuais descendentes). Estou nas Sardas! Aqui viveu minha Avó Manca, pessoa que comprou á já referida casa da Ti Rita da Toita, a casa onde passou a morar e criou as filhas (minha mãe e minha Tia/madrinha). Estou no torrão que me viu nascer, pois aqui construíram casa meus Pais, em parte do terreno que era de minha Avó. Por ironia do destino, aqui levantei também o meu lar e aqui foram criados meus filhos. Não sei por que gosto tanto deste local! Recordo ainda a rua sem pavimentação alguma: terra e rodados de carros de vacas e bois. Dois sulcos paralelos, quais trilhos de comboio com meio palmo de fundo pelos quais o gado seguia mesmo sem que alguém o guiasse...

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