quinta-feira, 30 de abril de 2009

Gratas Lembranças... (6)

... Motivos de amizade e tendo em vista continuar audições de “gentes mais velhas” para cultura e bem-estar pessoal, convidei “a Biciclete”, de seu nome próprio Claudina da Conceição, para um repasto simples a realizar em minha casa, mas com a condição de ela ensinar à afilhada Ana, minha filha mais velha, (de quem é Madrinha Velha pois o “Camoila” é que é o Padrinho do baptismo!) os segredos de bem cozer a broa de milho. Agendado o dia, por ela foi marcada a hora em que a Ana a iria buscar a casa para amassar a broa, por o lume ao forno e fazer a ceia. Produziu-se amena cavaqueira, sentado na pilheira, dois tiços na fogueira, cambeiro com panela de três pernas pendurada á nossa frente (com água a aquecer), um varal ainda com duas chouriças penduradas a apanhar fumo, e foi um regalo ouvi-la! Desfiou recordações, boas e menos agradáveis, mas sempre com a sua peculiar maneira de ser e de dar a volta á questão. Recordou os últimos tempos de vida do seu “salsinha” no Hospital em Coimbra e a viagem que a Fátima fez com ela para uma visita ao Ti João. Vale a pena recordar e descrever os factos. O Ti João esteve internado algum tempo nos HUC devido a doença que o acometeu. A Laudina deslocava-se todos os dias ver o marido e... levar-lhe a comida feita por ela! Uns dias, ia com os amigos, outros de táxi, mas era ponto assente e sagrado dever fazer a visita aquela hora e dar de comer ao marido. Ofereci-me também para ir num dia da semana vê-lo e dando boleia á Ti Laudina. Motivos imprevistos, levaram-me creio que para o Porto e não pude chegar a horas para ir para Coimbra. Mas. Estava marcado, estava marcado. Havia que encontrar um solução. Ora, veio mesmo a calhar a Fátima ter feito exame de condução uns dias antes. Liguei-lhe e ela, muito a custo pois a experiência era nula (agravada pelo facto de chover torrencialmente!) ainda tentou levá-la e á Ti Modesta a Mira para apanharem um táxi, mas não havia táxis e o tempo aproximava-se que nem cavalo de corrida da hora da visita. E elas ainda em Mira! Decidiu a Fátima continuar caminho até ao Hospital. Pediu ajuda a todos os Santinhos, mas eles deviam estar de folga ou ela não estaria em graça! O certo é que hora e meia depois de ter saído de Mira, faltava um quarto de hora para a visita acabar, chegou ao parque de estacionamento no Hospital e foram a correr para junto do Ti João para lhe levar a comida tão ansiada por ele. Preocupado, mal cheguei a Mira, arranquei de imediato para Coimbra, numa tentativa de ver também o Homem e dar apoio á Fátima. Chegado ao parque de estacionamento descobri logo a minha R4L, castanha, embora este estivesse cheio de carros. Ela até tinha os máximos ligados!!!! Em dois tempos, cheguei ao piso e serviço onde estava o Ti João. Mal me viu, a Ti Laudina, nem tempo me deu para perguntar como tinha corrido a viagem. Com a naturalidade que lhe é peculiar diz-me logo desabridamente: “Ai filhinho que a nossa viagem correu tão bem. Mas se calhar se tivéssemos alugado um burrico em Ançã, tínhamos de certeza, chegado mais depressa!”.../...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Arquivo do blogue