
Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
...Quando o barro deixou de fazer efeito, o mesmo será dizer, deixou de pintar a água (já tinha acabado!) o “ganabelho” retirou os pés do cavalo da água e, ajoelhado junto á saída da mesma, começou a lavar mãos cheias de agulhas envoltas em bosta de vaca voltando a água a ficar esverdeada, escura. Já a mãe andava próximo do fim da terra, a muito perto de cem metros do poço e logo se apercebeu do facto. Estava tudo a correr como tinha previsto. A outra metade da terra era mais estreita, tinha menos três regadeiras em cada través. Seria mais rápida a rega.
Eis senão quando ouve um grito muito forte que logo sentiu ser aflitivo e ter origem no filho: “É mãeeeeeeeeeeeeeeeee! Mãeeeeeeeeee?
Uhhhhhhhhhh, respondeu-lhe ela.
E logo ele desenvolto lhe responde: “a vaca virou o cú”.
Acode a mãe de imediato não fosse o diabo tecê-las. Larga a enxada com que guiava (encaminhava) a água e solta a correr para junto do poço. Ali chegada, começa de mansinho a falar com a sua estrela (assim se chamava o animal) que, toda suada (já andava sem parar á roda do poço há cerca de uma hora e meia e sem ver nada, pois havia-lhe posto uma careta que a impedia de ver fosse o que fosse!) respirava ofegante, voltada para o poço e com os quadris traseiros metidos na terra do milho, presa pelas apiaças e pela brocha que, cintada ao seu pescoço e as primeiras aos cornos, a jungiam ao cambão que se encontrava unido á roda vertical do engenho por meio de forte e firme parafuso. Logo o animal sossegou e a mãe a repôs no seu caminho normal para que continuasse no seu ritmo certo, rodopiando em volta do poço e retirando a água necessária para a rega.
Não saiu dali sem primeiro saber como é que tal tinha acontecido.
O rapaz, que não sabia mentir, disse á mãe que a vaca tinha parado e ele, sem falar, de mansinho, arrochou-lhe forte varada, do lado do poço para fora, que a fez saltar e tomar a posição em que ela a encontrou.
Filho, não faças mais isso. Olha que ela ainda pode vir a cair no poço e nunca mais a tiramos de lá.
Já falta pouco para ir para casa!
Foram as palavras com que o sossegou, acariciando-lhe o cabelo da cabeça e fazendo-o baixá-la, sorrindo timidamente...
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