
… todos são muito ciosos daquilo que é seu (herdado e/ou comprado com muitas dificuldades), muitas das vezes as modernas máquinas agrícolas não podiam ser utilizadas nos terrenos, de diminuta dimensão, para lhes dar o necessário arranjo, preparando-os para a sementeira, daí que a enxada fosse um utensílio agrícola muito usado para cavar, á manta ou a releicho, com estona e a tirar dente, dando aos terrenos o necessário arejamento e consequente oxigenação.
Têm forçosamente que ser estrumados e adubados, enriquecidos assim com o húmus e azoto para melhor responder às exigências, em termos de produção, que lhe são feitas! Ensinamentos transmitidos de geração em geração, oralmente e depois, já na idade de ir p’rás terras, na prática. Era assim que faziam já os Pais, Avós, Bisavós, etc., etc. Todos estavam ligados á terra que só produz á custa de muito trabalho e suor.
Durante os meses de Fevereiro e Março, o monte de estrume (esterco) que havia sido carregado para as terras e amontoado numa das extremidades do terreno, onde havia sido “caldeado” com moliço da Ria, agulhas secas e estrume que havia sido retirado dos currais do gado, tendo servido para lhe “fazer as camas” era dividido e carregado para toda a terra, colocado em montes pequenos ao meio desta no sentido da largura, em espaço onde previamente era retirada a estona (capinado o mato e ervas existentes, deixando a terra nua e crua no sítio onde era descarregada a carrada, alinhados em todo o comprimento e distantes uns dos outros de cerca de quatro, cinco metros, qual fileira de “montes de esterco”, correspondendo o seu tamanho a uma carrada de carro de vaca ou de dois bois. Depois deste trabalho, feito normalmente pelos homens, as terras eram cavadas com enchadas, por homens e mulheres, formando ranchos em troca de tempo que, manta a manta, reviravam o terreno, depois da estona, cavando á rasa, a releicho ou a manta, de acordo com a finalidade pretendida, tendo em conta a cultura que estava destinada nessa altura para o terreno. Chegados ao pé dos montes de “esterco”, passavam-nos para a terra cavada e continuavam a cavar, cavar, cavar...
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