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Convivi, em contactos de recolha iniciados há longo tempo atrás, com "velhinhos" e "velhinhas" muito simpáticos, de tez escurecida pelo clima e agruras do tempo em que o sol quando se levantava os encontrava já no campo e, quando se deitava, ainda por lá os deixava.
A sua pele, entrecruzada de rugas como que simulando inúmeros desfiladeiros abruptos, embora em miniatura, conservava-se ainda suave, convidando a uma carícia, dando prazer tocar-lhe...
Desfiaram histórias, contaram a da sua vida de forma tão convincente e sincera que não é possível descrevê-la! As palavras não possuem a candura nem o significado necessários para fazer circular a mensagem que se pretende transmitir. Com que enlevo e realeza a sua vida foi vivida! Arrojo e capacidade inventiva, tenacidade, andavam sempre de mãos dadas em todos os dias da sua vida. Começavam logo em crianças, com cinco ou seis anos, idade em que lhes era entregue a responsabilidade de "criarem" os irmãos mais novos, e se eles eram muitos! Não eram raras as casas em que, á mesma mesa, pelo menos duas vezes por dia, se sentavam dez, doze e mais pessoas para tomar as refeições principais!
Família reunida á mesa, permitia e impunha uma solene acção de graças depois da ar a refeição. Quase sempre o Pai ou Mãe (ou o Avô ou Avó se ali co-habitavam, normalmente o elemento mais velho, rezava á frente!) orientavam a oração e todos respondiam e correspondiam. Que respeito se respirava naqueles lares, quantas lágrimas caíram daqueles rostos macerados, cansados, secos, com o receio de que a panela não tivesse o alimento minimamente necessário para aplacar a fome a todas aquelas bocas!
Quantas vezes, a "vez passava por vez"…!
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