segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Histórias de vida sem história mas que fazem parte integrante da história

Mas... acompanhai-me nesta tarde solarenga, à sombra desta Figueira, só com folhas e eventuais rebentos do que será, tudo leva a crer, uma boa carga de figos de pingo de mel. Daqui passaremos para outros quintais, alguns alpendres, bancos da Rua Manuel Figueiras, viajaremos no “nosso moliceiro”, merendaremos no parque de S. João, teremos tempo ainda para passar no adro da Igreja, ir às fontes e visitar um ou outro acamado, depois de termos passado pelo Lar e Centro de Dia. O Ti Manel (nome que nos vai servir de cicerone já que quase tudo o que for narrado o teve por protagonista!) contou já noventa e duas bonitas Primaveras. A última delas, completou-a há bem pouco tempo, nos finais de Junho. Com uma memória digna de registo, capaz de ler ainda jornais (principalmente O Amigo do Povo, pois os outros só se se deslocar ao café, local onde os mesmos se encontram franqueados a qualquer um, já que a “pensão”, obtida pela idade atingida e depois de uma vida inteira a descontar para a Casa do Povo, não lhe permite comprar diários para se actualizar, como diz a bom rir com ar de plena satisfação). É um Homem magro. Veste ainda calças de cotim sobre ceroulas de flanela, camisote e chapéu de feltro de aba estreita. Não alinha em modernices e quem lhe tira as calças deste tecido, feitio e forma como sempre as usou, tira-lhe a roupa toda do corpo e isso só lhe aconteceu duas vezes: uma quando aos vinte e um anos foi ás sortes ao “dez” a Aveiro...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Arquivo do blogue