sexta-feira, 16 de abril de 2010

O pai fazia pão com a graça de Deus!

...deixou que ele ali fizesse o seu Barreiro e os adobes para a casa e muro. Mas, alombar, teve que alombar! Também, verdade seja dita, já estava entradote na idade quando decidiu casar-se. Naquele tempo, casar cedo era estragar-se e os trinta eram a altura ideal para dar início a uma caminhada com horizontes definidos e objectivos próprios. A Maria, mais nova, também já ia nos 24! Dum lado e de outro, havia mais irmãos em casa, todos mais novos. Eram eles, lado a lado, quem iria “encertar” os ranchos daquelas famílias. O pai fazia pão com a graça de Deus e o sogro seguia-lhe o rasto. Tanto uns como outros tinham o seu moliceiro, arrimado aos moirões no Cais do Areão! Certo e sabido que o moliço estava garantido para o adubar das terras, assim a Ria o criasse nos seus longos braços, pois os recantos onde ele era mais graúdo não lhe eram desconhecidos. Cada um tinha a sua Junta e ao lado, duas vacas leiteiras que anualmente davam cada uma sua cria, certinhas tanto no leite como nestas. Aquilo eram autênticos colchões dignos de serem vistos e de meter cobiça aqueles que tinham e mantinham gado de meias nos currais dos agricultores menos abonados. Que o dissessem os louvados do Rol de Valores que mensalmente passavam pelos currais a verificar as condições e a avaliar o gado, não fosse o diabo tecê-las, algum dos sócios ter alguma perca e depois não poder ser compensado conveniente e atempadamente. Para mal já lhe bastava o azar. E ele que tinha ainda na memória o que o pai passou no inicio daquele Verão em que o Cabano partiu um corno e de tal forma o fez que teve que trocar de Junta já que não conseguiu arranjar um animal a trabalhar á esquerda como aquele! Mas também o raio do moscardo não tinha mais quando aparecer e logo naquele caminho apertado! Por causa disso perdeu a safra da pesca na Praia e colocou em risco o trabalho agrícola que despreocupadamente fazia, tendo nessa altura que recorrer ao compadre algumas das vezes para carregar o rapão dos pinhais a tempo de fazer as camas ao gado, ser transformado em esterco e depois carregado para as terras para as estrumar...

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