sábado, 10 de abril de 2010

Nasceu num dia de Verão!

Nasceu num dia de Verão, finais de Junho e foi o primeiro filho do casal. Foi criado com muito carinho e amor, não só por seus Pais mas também por uma tia, irmã de sua mãe, e sua avó materna, de quem guarda gratas recordações. Teve o privilégio de frequentar a Escola Primária, onde era tido como bom aluno, entre os três melhores da classe e recorda, com mágoa, afirma, a forma menos própria como o seu professor tratava os alunos. Imperava a Lei da força. Por tudo e por nada, era porrada e água á jarra, como se costuma dizer. O que mais o marcou, foi a primeira vez em que o professor, porque ele tinha acertado em todos os deveres de casa, o forçou a castigar, com régua, num dia de inverno, todos os seus colegas, com seis réguadas em cada mão!!!! Ainda hoje lhe doem as mãos só de se lembrar das lágrimas que choraram seus colegas pelo castigo infringido e do que lhe aconteceu a ele na mesma data e hora! Como se isso não bastasse, também a sorte lhe bateu á porta, ele conta porquê: - quando chegou a vez do seu amigo João, aliviou propositadamente a força com que deixava cair a régua. Era uma forma de eventualmente e num futuro próximo poder colher dividendos, já que o João também era um dos bons alunos da classe. Mas o eco das reguadas que foi diferente das reguadas anteriores! Meus amigos, o professor (cujo nome se omite a seu pedido) chama-o e, alegando que lhe iria ensinar algo que ele ainda não sabia, aplica-lhe com seis reguadas em cada mão, puxadas cá de trás, que lhe fizeram saltar lágrimas quatro a quatro de cada olho! “Até a bater é necessário (nassairo, na sua pronuncia!) aprender” foi este o desfecho e a lição que o professor lhe deu! Escusado será dizer que, daí para cá, o Ti Manel nunca mais entrou na sala sem ter mostrado os trabalhos de casa a outros camaradas para que eles copiassem e assim ficarem em maior número em igualdade de circunstâncias. Mas fez o exame da quarta classe! Passou com distinção e para orgulho emproado de seus pais! Teve que ir a Aveiro fazer o dito exame, o professor era de lá e só ai poderia prestar provas dos conhecimentos adquiridos. Poderia ter sido professor, segundo lhe indicava o seu mestre, mas para isso, teria o Pai que autorizar e de desembolsar algum dinheiro facto que não convencia nem Pai, nem Mãe. Só o deixariam ir estudar se ele quisesse ir para Padre! E ele assim também não quis! Sorria de vontade lembrando-se das fitas que fez tentando convencer o Pai a deixá-lo ser professor. Padre é que nunca! Não foi para Padre, nem para Professor, para seu desgosto e do Mestre. Atendendo á sua debilidade, “era muito fraquinho, inicialmente ninguém julgava que ele imperisse”, foi aprender de alfaiate, em Portomar com os “Cúcios”. Só se agarrou ao trabalho do campo depois de ter casado e já ter filhos. Como eu recordo aqueles dias! Recordo, sem deles ter saudade, apressou-se a dizer. Mas nada me obrigaria a fazer as coisas de forma diferente daquela que as fiz! Entreguei-me de alma e coração ao trabalho e ao arranjo de soluções para o imediato relativamente aos problemas que iam surgindo. A vida foi-me muito madrasta. Olha que eu falei em casar e a primeira coisa que o meu pai me disse foi “quem casa quer casa, portanto, trata lá de falar com a Maria e digam onde querem erguer o vosso lar pois ajudar-vos isso vamos mas interferir, não contem connosco”! E assim fizeram. Do lado do sogro foi-lhe dado o assentamento, o pai deu-lhe os pinheiros para toda a madeira necessária e pagou a serração. O avô, ainda em posse dum banco de areia nos Carvalhos...

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