terça-feira, 3 de agosto de 2010

Casas e adobes...

...chegou a vestir calção de cotim até ao joelho com bolso atrás, camisa de riscado, chapéu de palha, aba larga, lenço tabaqueiro ao pescoço (com o qual limpava o suor, mais que muito atendendo ao esforço e condições e local de trabalho:- “ óculos de sol”) e quando lhe calhava ter de ir queimar a cal e misturá-la com a areia, calçava botas feitas de câmaras de ar de rodas de camioneta, para proteger os pés e pernas dos efeitos da cal viva ou flor. Recorda com muita lucidez as formas dos adobes (casa, muro, três quartas ou galgas) e a inseparável enxada de cem mil réis, além do carro de mão e da padiola para transporte da massa. A cada trabalhador, o patrão entregava um carro de mão, instrumento que ele tinha que ir mantendo nas melhores condições para dar o máximo rendimento, já que tinha no mínimo que acompanhar os colegas, não podendo deixar a sua “esteira” de adobes ficar atrás dos demais no final do dia. Conta até que usava de artimanhas para tentar ficar sempre com mais alguma massa no fim do dia: - era dos primeiros a tirar a massa, tirando pouca, para acabar de gastar a carga mais cedo e aí, sim, na segunda e terceiras voltas, carregar o carro “á molhelha” para poder render e ter de amassar menos que os outros. Mesmo no trabalho, já havia manhas e manhas! Tanto a meio da manhã como a meio da tarde, os homens paravam alguns momentos para acomodar o estômago, comer um naco de broa e um rabo de sardinha assada, muitas vezes gelada, mas que sabia que era um primor. A broa era cozida em casa, uma vez por semana, fornada que tinha que dar para os sete dias, não podendo ninguém ser “desarrendado”. Os moleiros ou moços dos donos dos moinhos...

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