Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Tempo trocado! Água de meias,...
…”exe, anda lá anda! Exe!”
E a loira inicia a primeira de inúmeras voltas em redor do poço, subjugada ao cambão pela apiaça e brocha ligada aos cangalhos, de olhos vendados!
Os primeiros alcatruzes do engenho despejam a água que trazem lá do fundo, menos de meio, meio, quase cheio, cheio, cheio… na almace. Começa a surgir água no cavalo e a correr, límpida e constante por entre aquelas carreiras de milho.
“Lavas primeiro essas duas cestadas de agulhas que tirei do curral das vacas e depois desfaz a bosteiras. Quando isso acabar, começa a derreter o barro que está dentro dói saco, junto á saída da água. Não deixes parar a vaca nem deixes de sujar a água, pelo menos até que ela chegue lá ao fundo da terra, porque senão não tenho água para regar e o poço ás onze horas já é para outro”.
Foram as recomendações da mãe que, de pés descalços e enxada ao ombro, se pôs a caminhar lentamente pelo cavalo, pisando o terreno e examinando-o minuciosamente, não fosse ter passado por ali alguma toupeira que fizesse com que a água se perdesse pelo caminho. Ia assim dando consistência aos valados que limitavam o espaço por onde corria a água e calcando o fundo, limitando-lhe a capacidade constante de absorver aquele precioso e necessário líquido para o crescimento constante do milho. Se a água se enfiasse pelos buracos das toupeiras, era certo e sabido que, só muito tarde, quando esta lhe faltasse, daria pelo rombo que a mesma faria no cavalo.
O milho já lhe dava pela cinta. Eram seis horas da manhã e adivinhava-se já um dia quente com céu muito azul e limpo.
...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário