Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
...?
...
Achou-se cansado e pediu uma pausa! Que boa ideia, anui de imediato. Até a mim me apetecia retirar para sítio isolado e saborear o conteúdo e forma da descrição que me havia sido feita. Despedi-me com um simples até á manhã,... e saí...
De regresso a casa, arrepiei caminho percorrendo um caminho, quase desaparecido mas que na minha memória se encontra ainda bem vivo: O Carreiro da Fonte da Meneza. Em tempos idos, o carreiro, que mais não era do que uma “estrema”, mãe de água ou linha física limitativa, indicadora de separação de terrenos, um pouco mais larga que o normal (normal neste caso seria ter a largura de uma pá de enchada, algo aproximado a 25 centímetros de largura!) permitia uma rápida ligação como caminho de pé, entre a actual Rua dos Claros, zona de Sardas ou Cova de Baltazar, e a Fonte da Meneza propriamente dita. Com o franco progresso e a consequente melhoria de condições de vida das gentes da Freguesia, foram sendo beneficiados caminhos agrícolas, transformados em estradas e, por incúria, desleixo ou tão-somente aumento da idade e desinteresse pela pratica da actividade agrícola, foram sendo deixadas ao acaso as mães de água, estremas, valas e outras correntes por onde circulava a água das chuvas e ou de nascentes como o caso da Fonte em apreço. Sabe-se que, do carreiro da Fonte da Meneza, resta somente o sítio! Não se usa já como trajecto de ligação entre pontos da Freguesia, restando as recordações dos factos que ali tiveram origem ou ali se desenrolaram.
Tal é o caso, como recorda o Ti Manel, de um indivíduo que foi salvo de morrer afogado quando tomava banho num poço de engenho, pertencente ao ti Afonso Catarino.
Mas, vejamos o seu relato.
Era costume, principalmente de Homens, Jovens e alguns garotos mais afoitos, durante a época de maior calor e nas horas mais quentes do dia, refrescarem-se nos poços de engenho, existentes nas terras de cultura praticamente em toda a Freguesia, mas mais em especial na zona do Alto da Fonte, pois os poços ali eram um pouco mais largos e a água era das mais cristalinas da zona. Depois havia ainda o conveniente da renovação da mesma, no mínimo uma vez por dia durante todos os dias da semana e ainda o facto de possuírem engenhos de alcatruzes que, depois de trancado o cambão, serviam de perfeita escada para sair da água, que por vezes se encontrava a três ou quatro metros de profundidade. Raramente iam tomar banho sozinhos e também e muito raramente, eram tidas em consideração as regras mais elementares de segurança, de modo que, o intervalo após as refeições muitas das vezes era descurado. Foi o que aconteceu nesse dia de verão. Dois ou três rapazolas deliciavam-se em mergulhos no dito poço, minorando os efeitos do calor em abundância. Eis senão quando um deles, que até sabia nadar, dá o salto para dentro do poço, vai ao fundo e… lá fica! Os outros dois, desatam a gritar desalmadamente e acodem as gentes que se encontravam mais perto. Que foi, que deixou de ser, mas ninguém tomava iniciativas. Do meio do grupo que se juntou, sobressai um homem franzino que, afirmando saber nadar mal, se aventuraria a mergulhar desde que o retirassem depois a ele e ao rapaz. Se assim o afirmou, de imediato o fez. E a verdade é que o tal rapaz “ainda cá anda” atendendo á ousadia, coragem e prontidão do Joaquim que depois de mergulhar, ter agarrado o corpo, o ter trazido p’ra superfície, ter bebido uns “pirolitos” e ter subido pelos alcatruzes, ainda teve que “dar o beijo da vida” ao cachopo.
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