Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
…não eram raras as segadelas!
Muitas vezes se aliava o dever ao prazer e o prazer ao dever e se investia no tempo trocado! Nem aos domingos á tarde havia descanso. Era uma oportunidade de namorando, convivendo, vivendo alegremente, adiantar trabalho, cortando o trigo amarelo, loiro de maduro, semeado a seu tempo nas terras dos foros. De manhã, havia sido cumprido o preceito.
Ninguém passa um domingo sem assistir devotamente á Santa Missa. Finda esta, é tempo de, responsavelmente, dar largas ao descanso tão ambicionado, depois de uma farta semana de trabalho nas terras, nas olarias, no barco…
Chegados á terra, inicialmente só cachopas, cada uma tomava conta da sua marja! Sempre atentas, de foicinho numa das mãos e na outra as plantas que iam sendo cortadas pelo pé, depositavam-no de forma muito ugada atrás de si para que apanhasse mais algum sol antes de ser enfaixado e depois carregado para a eira no carro dos bois, para ser malhado.
Este trabalho de enfaixar os cereais enquanto ligados á palha que os criou, era feito com mestria e destreza. Faziam-se baraços unindo duas pequenas mãos cheias de palha, pelas espigas, com um nó direito. Colocava-se este baraço aberto, sobre a marja, e, recolhia-se depois um braçado de cereal, muito unido, apertado entre um lado do peito e a mão do braço do mesmo lado. Depositado sobre o baraço, eram depois ligadas as pontas do mesmo e eis um molho enfaixado. A faixa feita era depositada no solo, ao alto, com as espigas para cima até que passasse o carro de bois e fossem carregadas no mesmo.
Amiudadamente e sabendo da segadela, para aquelas zonas se deslocavam os rapazes a quem interessavam as cachopas que ali andavam. Nas terras se faziam ouvir alegres cantos, sobressaindo as vozes das moças que sabiam ir ter a sorte de ali encetar ou continuar uma namora às vezes interrompida no domingo anterior. E ela acontecia…
… sempre que os cereais chegavam á eira. Depois de os colocar com a semente sempre para o mesmo lado, alinhavam-se homens, mulheres, rapazes e cachopas, formando duas filas,
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