Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Gratas recordações...
Tempos esses…
Não havia mais ninguém, no Seixo ou redondezas, que nos acudisse nas horas de aflição senão o Dr Estrela e a sua bonomia bonacheirona.
O seu consultório, situado muito perto da vala do rio e fonte do Canto de riba, era o espaço do Seixo mais procurado e cheio de gente, logo a seguir á Igreja, todos os dias da semana. Era composto por dois espaços distintos, a saber, uma sala de espera, modesta em tamanho e que tinha como mobília uns bancos ao redor do mesmo, encostados á parede e outra onde o Senhor Doutor “dava consultas e fazia os tratamentos”. Ali todos eram atendidos com a mesma prontidão, saber, interesse e desvelo. Ele era médico, enfermeiro, psicólogo, conselheiro e, muitas das vezes, dador de esmolas! Quantas vezes ali se entrava se era consultado, tratado, medicado, confortado tudo pelo mesmo homem.
Atendia cada um em privado, mas no múnus de enfermeiro, nomeadamente nos actos de dar injecções (tinha dezenas de seringas de vidro e agulhas a esterilizar sempre num pequeno fogão, trabalho que realizava ele próprio, sem auxiliares!) mandava entrar “rodadas” de homens e depois de mulheres e crianças. Entravam sempre tantos quantos os que cabia no espaço! Sabia sempre os medicamentos a administrar a cada doente!
Usador inveterado de suspensórios, quando arregaçava as mangas, era mesmo para trabalhar.
E que forma de pagamento original o povo tinha para lhe pagar os serviços que por ele eram prestados!
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