
Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
“Não tenho a vida por que sempre lutei, mas, acreditai, lutei e luto muito para ter a vida que tenho!”
Pelo S. Miguel, um grupo de homens corria os lugares hoje área da Freguesia de Seixo, e ia carregando os géneros alimentícios, novidades produzidas pela terra e gado criado nos quintais e currais, recolhendo assim “a côngrua para o Senhor Doutor”
Milho, abóboras, cebolas, alhos, feijões, batatas, arroz, galinhas, ovos, …
Este gesto irmanava e igualava todos os seus doentes, para quem tudo fazia por recolher e manter uma reserva de medicamentos e administrá-los depois aos pacientes.
…/…
Ainda cheguei a participar nalgumas caçadas para o Senhor Doutor.
Que ricos dias! E que quantidade de lebres, coelhos, perdizes se abatiam! Como todos se aprimoravam em afinar a pontaria para fazer figura! Juntavam-se todos os amantes de tal desporto (eu chamo-lhe vício malvado!) e planeavam minuciosamente a data, local e cães a utilizar! Certo que a caça, nesse tempo, era um louvar a Deus! Foros, Palhais, Fojos, Fontes do Olho, eram locais muito ricos e abundantes em caça! As terras cultivadas por todo o lado, davam fartura até mesmo para esse gado!
Fez uma pausa dalguns segundos e prosseguiu o seu entusiasmado relato.
.../...
Garanto-te que foi real a cena que te vou contar e que aconteceu no consultório do Senhor Doutor. F… mulher já entrada na idade e muito aperreada nos gastos, em pleno trabalho agrícola, (apanha de pasto, com foicinho, para o gado) aconteceu dar uma forte golpada na barriga da perna direita. Sangrou abundantemente mas ela limitou-se a apertar o corte com o lenço as mãos que trazia no bolso e assim continuou até chegar a casa. Ali, fez um tratamento muito em voga, o mesmo que se fazia nas capações dos porcos a mando do “alvitar”. Mas o caso que correu mal e nunca chegou a sarar o corte feito, tendo a perna inchado e ficado com uma cor pouco agradável de ver e chegando mesmo a cheirar a podre!
Teve que ir ao consultório e contar ao Médico o que lhe tinha acontecido havia já mais de três semanas!
Então que te aconteceu á perna, cachopa?
Olhe Senhor Doutor, andava ao pasto no Palhal e na conversa com a minha comadre M…., descuidei-me!
Então e que fizeste para desinfectar esta ferida? Tens aqui uma rica coisa!
Olhe Senhor Doutor, na terra, como não tinha mais nada, mijei-lhe…
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário