Era um miúdo como os demais na altura dele. Foi á escola, muito atribulada porque bateu o record de conhecimento de professores em cada ano do ensino primário.
Gostou muito de ir para a escola, já era grande, como dizia a toda a gente! O pai, muito babado, no primeiro dia, acompanhou-o com muito gosto. Recorda ainda que a mãe, porque trabalhava e tinha horário rígido a cumprir, ficou embevecida, com ar feliz e desejosa de ser ela a fazer a sua apresentação oficial no local onde iria começar a armazenagem dos seus conhecimentos e o iniciar do desbravar e desabrochar público da sua inteligência e bases de vida futura.
Ainda recorda que foi uma alegria muito grande encontrar ali os seus amigos de brincadeiras dos primeiros anos de vida! Formavam um grupo de nove! Eram os terrores de então! Foi tomando conhecimento das letras, dos sons, dos números, do falar correcto, do respeitar no respeito mútuo, do por em prática a honestidade natural de cada criança, em suma, era o orgulho de pais e irmãos!
Porque brincava muito, nunca se cansava! Sempre que tinha algum trabalho a fazer, era a correr que o fazia para imediatamente ir continuar com a brincadeira que tinha ficado a meio. E se tinha brinquedos! Verdade que os pais o motivavam a inventá-los! Era incentivado a criar jogos e a construir as peças para os mesmos! Adorava, embora tivesse muito medo, e ainda gosta muito de tratar dos animais domésticos existentes lá em casa. Fez amizades muito fortes com os cães de caça do pai de que ainda recorda os nomes e fala deles com muito afinco denotando amizade e aventuras muito fortes vividas. Foi, com a idade de nove anos, um misto de agricultor e rancheiro ou cowboy tendo a seu cargo “perto de cem cabeças de gado”! “Cem cabeças de gado? Indaguei incrédulo. Sim homem, ora vê bem. Só xinos eram mais de cinquenta, três cães, um gato, muitas galinhas, patos mudos e bravos, porcos, coelhos, um bode e até um burro que montava alegremente e sobre o qual encarnava papéis de reis, príncipes, cowboy, cavaleiro ao faz de conta em guerra aberta com mouros e outros sarracenos das histórias que, com avidez, lia.
Cumpria á risca os ensinamentos que lhe eram ministrados! Adorava e recorda com uma lágrima ao canto do olho, a forma como o pai brincava ao sentimento consigo. Chegava-se perto dele e dizia, muito baixo e rápido:”Sabes uma coisa?” E ele inicialmente respondia com simplicidade natural “não”. Então o pai, rindo, dizia muito rápido: “gosto muito de ti”. Tantas vezes se repetiu a cena que, ele, mal o pai iniciava a questão, respondia rapidamente e sem sequer ele a ter acabado: “gosto muito de ti”. Certo dia, estando o pai a ajudá-lo nos trabalhos de casa, abordaram uma matéria que o professor tinha ministrado nesse dia. Como o pai o forçasse a responder e resolver o problema por si só, desatou a chorar, as lágrimas caindo quatro a quatro até que o agarrou ao colo e o interrogou acerca dos motivos do choro. “Não percebo nada disto, pai!” foi a resposta pronta que deu e com a qual deixou o progenitor caído em todos os sentidos…
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