
Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Pai, posso ir nadar contigo?
E o pai assentiu. Tinham acabado de chegar da primeira Missa e, enquanto a mãe depenava a pedrês que tinha morto para depois refogar, iriam até ao poço do canto.
Era um poço novo. Tinha balseiro, estava assente sobre pedregulho e a água era mesmo muito limpinha pois era escoada todos os dias. Tinha as paredes feitas em adobe e, o melhor de tudo, tinha mais de trinta palmos de largura. Era uma rica piscina. Pena não ter ainda engenho nem nunca vir a levá-lo, pois assim tinham que por e tirar a escada sempre que ali quisessem nadar ou tomar banho. Também desta maneira era mais seguro para mergulhar e nadar naqueles sete metros livres e cerca de três metros de água de fundo.
A água estava a pouco mais de dois metros de fundo e era tão limpinha! Dava mesmo gosto saltar lá para dentro. Era um convite difícil de recusar….
O pai tinha feito uma escada de varas de cabana, com seis metros de comprimento e, á cautela, levava sempre um adebal para amarrar a ponta da escada, que ficava acima da parede, ao abrunheiro que havia ali perto e atirar a outra ponta para dentro de água, não fosse o diabo tecê-las.
Do cimo da parede á água, não seriam mais de dois metros de fundo…
Meia hora de puro divertimento e alegria contagiante entre pai e filho. Como recorda ainda esses momentos, passados que são já mais de oitenta anos… não esquecer que conta já noventa e dois!
Foi ali que o pai lhe ensinou a boa maneira de dar as primeiras braçadas depois de ter andado em cima dos ombros dele e se ter fartado de nadar á cão!
O pai não o deixava saltar lá de cima do muro do poço mas já permitia que ele subisse dois degraus da escada acima do nível da água e depois saltasse, mandasse chapas até ficar com a barriga negra de vermelha.
Que bom era sentir a segurança dos braços do pai quando, depois de saltar da escada e ainda sem chegar ao meio do poço, se sentia impulsionado para cima com um forte puxão fazendo com que caísse em cima do seu pescoço…
Que bem lhe sabiam esses momentos, impares, de Domingo, no Verão…
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