
Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
As altercações...
...com a mulher tinham-no deixado triste. E ainda por riba por causa de um assunto que, embora querido pelos dois, a nenhum dizia respeito directamente.
Não. Tinha sido de mais. Era muito desaforo ter-lhe dito o que lhe disse e da maneira como lho disse. Passou-lhe muita coisa pela cabeça. Acha agora que o melhor foi ter feito o que fez.
Magoado e revoltado, dirigiu-se ao curral, tirou os bois, deu-lhe de beber, pô-los ao carro onde ainda tinha a charrua e rumou aos Fojos. Sem nada lhe dizer nem lhe dizer aonde ia.
Pelo caminho foi assaltado por pensamentos doentios, revoltantes, vergonhosos. Não podia ser! Aquilo não lhe tinha acontecido. A revolta crescia dentro dele a cada momento. Momentos houve em que pensou voltar para trás, mas o bom senso e a lembrança dos filhos fê-lo continuar o caminho. Ela que plantasse as couves sozinha e como bem lhe apetecesse.
Fez todo o caminho maquinando no que lhe havia dito. Que gostava muito dela, lá isso não tinha dúvida! Mas esse facto não era motivo para lhe ter faltado ao respeito da forma que o fez.
Que raio teria a mulher na cabeça para lhe dizer o que lhe disse?
Calhando não gostou que ele tivesse mostrado o seu descontentamento da maneira como o mostrou. Mas, que raio, cagar e mijar por riba dele, isso não! Tinha sido de mais. Se foi por isso e se fosse agora, teria dito o mesmo e da mesma maneira. Estava ciente de que era essa a verdade e já o saturava andar a aturar empecilhos.
Passou a vala do fojo pela ponte feita com uma viga de poço de engenho enquanto os bois seguiam pelo caminho, com água pelo peito, mas sem conseguir deixar de pensar no assunto que o atormentava. Estava visto que iria ser muito dificil sossegar a memória dos acontecimentos. Ruindade a da mulher!
Irra!
Ter tido a coragem de o mandar “p´ró mar colhado!”! Um raio que a partisse! Nunca ninguém tinha tido a coragem de lho dizer e de o ofender daquela maneira! Aquilo não podia ficar assim. Quando acabasse o trabalho iria pedir-lhe meças…
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