terça-feira, 26 de abril de 2011

Virou o cesto das agulhas...

... junto do cavalo, dobrou um saco de juta em quatro e colocou-o junto ao valado, ajoelhando-se sobre ele. De mão cheia em mão cheia, foi lavando as agulhas, deixando suspensas na água as impurezas que as mesmas tinham adquirido nos currais, tornando-a esverdeada. De vez em quando soltava um “exe loira” forte para que a vaca mantivesse o seu ritmo de andamento. Raramente era necessário levantar-se a tanger a vaca com a vara. A água, impregnada da matéria constituinte dos dejectos dos animais/goma, criava laço nas paredes do cavalo, tornando a terra quase impermeável e facilitando a escorrência da água até ao local onde devia ficar a humedecer/regar as raízes do milho. Lá no fundo da terra, guiando a água de regadeira em regadeira, de través em través, a mãe sabia se ele estava a cumprir a ordem que lhe havia dado. Quando a água começou a aparecer com outra cor, meio avermelhada, soube logo que a bosta tinha acabado e o rapaz estava já a derreter o barro no cavalo. Se a água começava a faltar, a diminuir de intensidade no seu caudal, das duas uma, ou a vaca tinha estado parada ou havia algum rombo no cavalo. Tinha que agir de imediato. Primeiro, levantava a cabeça e se enxergasse a vaca a andar ao engenho, daria início a uma caminhada pelo sitio onde a água corria, em direcção ao poço, até encontrar o motivo da falta da água no local onde estava a regar…

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