
Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Virou o cesto das agulhas...
... junto do cavalo, dobrou um saco de juta em quatro e colocou-o junto ao valado, ajoelhando-se sobre ele. De mão cheia em mão cheia, foi lavando as agulhas, deixando suspensas na água as impurezas que as mesmas tinham adquirido nos currais, tornando-a esverdeada. De vez em quando soltava um “exe loira” forte para que a vaca mantivesse o seu ritmo de andamento. Raramente era necessário levantar-se a tanger a vaca com a vara. A água, impregnada da matéria constituinte dos dejectos dos animais/goma, criava laço nas paredes do cavalo, tornando a terra quase impermeável e facilitando a escorrência da água até ao local onde devia ficar a humedecer/regar as raízes do milho.
Lá no fundo da terra, guiando a água de regadeira em regadeira, de través em través, a mãe sabia se ele estava a cumprir a ordem que lhe havia dado. Quando a água começou a aparecer com outra cor, meio avermelhada, soube logo que a bosta tinha acabado e o rapaz estava já a derreter o barro no cavalo. Se a água começava a faltar, a diminuir de intensidade no seu caudal, das duas uma, ou a vaca tinha estado parada ou havia algum rombo no cavalo. Tinha que agir de imediato. Primeiro, levantava a cabeça e se enxergasse a vaca a andar ao engenho, daria início a uma caminhada pelo sitio onde a água corria, em direcção ao poço, até encontrar o motivo da falta da água no local onde estava a regar…
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário