quarta-feira, 7 de setembro de 2011

...e gabelas de palha ugada para junto da...

...á cachopa escolhida que, se aceitava a companhia, dava um jeitinho p’ró lado e lhe pedia que lhe achegasse uma gabela, ficando assim um pouco mais distanciada do milho e das outras pessoas da roda! (porque seria?) Caso não lhe interessasse a companhia (se calhar por estar á espera doutro!) o movimento que fazia era contrário ao arranjar lugar! Mexia-se sim mas para reduzir o espaço, indo ela mesma pu
xar os pés de milho e depositando-o por forma a impedir ou dificultar a presença indesejada. A mocidade era muita e, não havendo mais nenhuma cascadela naquela noite, acudiu ali toda a gente, fazendo-se um corrupio de rapazes com cestos para a eira e gabelas de palha ugada para junto da cabana ou dos paus de meda onde esta seria depositada, arrumando-se assim para alimentar depois o gado durante o inverno. De quando em vez, rapaz que saísse de junto da cachopa para ir levar a cestada á eira, ou estava segura que era a companhia desejada, ou então já sabia que, quando regressasse, o lugar estava ocupado por outro, desejado ou a tentar a sua sorte, com a anuência da cachopa. Que ricos descantes se fizeram ouvir! Que alegria sadia se viveu durante a cascadela! E que namoros se descobriram ali! Quem diria! Quem diria que o filho da Donzilia e do Bagelista ia ter sorte com a filha da Custódia! A mãe bem que deu em engelhar o nariz mas… aquilo é que foi uma novidade de se lhe tirar o chapéu! Ás vezes o amor tem razões que a razão desconhece! De que serfvem os teres e haveres, neste campo? Onze horas e já o milho estava todo cascado. A eira repleta de espigas amontoadas com mais de meio metro de altura! Agora era só deixar que elas apanhassem dois ou três dias de sol e então chamar a Rita, do António, com o motor para a debulha! Acabada a cascadela e, no lugar onde outrora esteve o monte de milho e as carradas empinadas, houve lugar para um vira bem-mandado pelo Vassoira, que, de tão feliz estar, gritava a plenos pulmões: “viva a mcedade e a stfação! Viva a stfação!” E toda a gente, novos e velhos, foram á roda enquanto a Donzilia fazia o café e o Bagelista trtazia uma pexeirada de parreirol pa dar aos rapazes do sarão…

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