quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Areias simples da Gândara, inconstantes, deram origem a um povo simples, persistente, sofrido, fazedor de soluções para o seu dia-a-dia. Capaz de se adaptar ao meio que o envolve e sociedade que integra.
Aqui, no Seixo,  recriámos e revivemos (um dia no Seixo em dia de feira há 75 anos.) Esta era feita na rua direita do cruzeiro ao largo da igreja velha no dia 4 de cada mês e mais tarde no dia 8.
Povo crente! Que cresceu à sombra da torre da Igreja, e onde o Senhor Prior órgão máximo local e muito respeitado orientava com muita dedicação toda a comunidade.
Gente que fixou nuvens de areia! Que transformou areias soltas e simples em terrenos produtivos! Gente que se adatou ao rigor do tempo e criou condições para viver em plena harmonia com tudo e com todos! Até com os animais que explorava! De manhã e à noite, cabeça encostada entre os quartos traseiros e as costelas da vaca, mãos nos tetos em movimentos verticais de cima para baixo e de aperto intermitente, de massagem, precisos e constantes, vão libertando do úbere o precioso líquido! Leite que de manhã e á noite é entregue nas leitarias.
Gente que ia à feira apalavrar; (pois a palavra valia mais que qualquer documento hoje).
Gente que negociava em plena rua produtos e vivências. Aqui se desfaziam dos produtos de que abdicavam por considerarem supérfluos, “gulapeiros”, em detrimento do necessário essencial. Aqui negociavam, compravam, vendiam e trocavam produtos tais como tremoços, chupas, cereais, batatas, planta, peixe, pão, vinho, comida, roupa, barros, tamancos e gado. Aqui trocavam experiências e ensinamentos, enriquecendo-se.
Gentes que olhavam para o céu e conseguiam orientar-se pelos astros e sinais da natureza com base nos ensinamentos que oralmente lhes foram sendo transmitidos pelos mais velhos,.
Gente que labutou na faina do moliço toda a semana ou nas olarias a fazer adobes de sol a sol…
Gente que partiu para os “Brasis” em busca de melhores dias para si e para os seus.
Neste frenesim, são homenageadas pessoas de que muitos já se não lembram: O Carrau, a ti Aurora do peixe, a Laurinda da bosta, o caldeireiro, o rapaz das pedives, a mulher das esteiras.
 Reviveram-se cenas quotidianas com o constante passar de carros de gado com carradas de trancas, de moliço, de sal, de abóboras, de agulhas, e o moleiro a entregar os sacos de farinha para as fornadas de sábado. Esta agitação e movimento constante, do nascer do sol ao toque de trindades, davam vida e cor aos dias dos nossos avos e bisavós.
Aqui se recreou a chegada do nosso soldado do Ultramar que, com sangue suor e lágrimas, se entregou durante vinte e quatro meses, de corpo e alma, lá longe, muito perto do cabo das tormentas ou da boa esperança, a defender a Pátria amada. Toda a aldeia viveu o momento e ficou em festa.
Em suma, aqui foram já vividos, com novos e velhos, momentos da nossa história e ficaram agendados mais alguns acontecimentos que ficam para próximos capítulos.

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