...e retirou a apiaça que pôs ao ombro, levantou os varais acima dos cornos do animal e, segurando-o pela soga, tangeu-a com um meigo “exe loira” a que ela obedeceu de imediato e serenamente. Pousou a canga no chão e dirigiu-se para o poço de engenho. Guiou a loira até ao cambão, levantou-o e pousou-lho no cachaço de forma a deixar um cangalho de cada lado do pescoço. Pôs a apiaça no cambão e uniu este á cabeça do animal com uma volta em cada corno, unindo as extremidades da apiaça sobre a cabeça da vaca. Dirigiu-se ao carro e retirou, dum dos fogueiros do taipal, a careta com que voltou para junto da cabeça do animal e lha colocou, tapando-lhe os olhos. Estava preparada para, horas a fio, rodar á volta do poço, cambão no cachaço, olhos tapados, fazendo girar continuamente a roda dos alcatruzes, levando-os, de fundo para o ar, para baixo e recuperando-os, volta dada mesmo no fundo, cheios de água. De salientar a existência de um furo no fundo de cada alcatruz para permitir a sua imersão vertical possibilitando a saída do ar ali acumulado cujo espaço iria ser ocupado pela água do poço. No regresso á superfície, cheios de água e ao curvar na roda vertical, vão largando o líquido directamente na almace que a encaminha para fora do poço para a ponte que passa sob o passeio do animal e a vai fazer correr abundante e continuamente pelo cavalo, de través em través, do poço até ao fim da terra, enchendo todas e cada regadeira. Trabalhos feitos pelo S. Miguel!
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