... Saiu cedo e
rumou ao Palhal. O tempo estava quente, a terra fresca e as batatas a pedir
calda.
Depressa ali
chegou. Agarrou a máquina, pô-la em cima da parede do poço, tirou a tampa e deu
ordem em amarrar uma corda ao aro do regador para tirara a água do poço.
Assim fez.
Tirou de dentro do
saco os remédios e a colher e predispôs-se a colocar o pó no crivo mas, olhando
para o batatal, parou e pousou tudo novamente. Agarrou em si e foi pela estrema
abaixo até ao fim da terra. Lá ao fundo, atravessou pelo salgueiral e foi para
a outra banda da terra. Voltou a subir pela estrema, sempre sem tirar os olhos
das batatas e, arrancando uma urtiga aqui, uma erva vime ali, chegou novamente
ao poço. Agora sim. Iria dar a calda. Já tinha a certeza de que não era preciso
o gezarol pois o escravelho não tinha ali assentado arraiais. Agarrou o pacote
do remédio, abriu-o e tirou três colheradas de pó que colocou na rede do crivo
da máquina. Agarrando a corda com uma das mãos, com a outra atirou o regadopr para
a água do poço, incutiu-lhe um forte movimento que o fez enterrar na água e
encher-se dela. Depois puxou-o para cima e deu em encher a máquina, colocando a
água muito devagar para que o pó não fosse cuspido pelo movimento da água a
entrar e do ar a sair. Máquina cheia, tirou a vareta do puxador do lugar,
retirou o crivo da máquina e, com esta metida dentro da máquina, mexeu bem a
água e o pó para homogeneizar a mistura.
Feito isto, voltou
a colocar a vareta no sítio, foi à bicicleta, tirou osaco de juta, daqueles de
fazer capuchos, dobrou-o ao meio no sentido do comprimento, passou um bocado de
fio por dentro da dobra e pô-lo sobre os ombros, amarando o fio ao pescoço para
que o saco não lhe caísse. Agarrou depois a máquina pelas correias e, com um
golpe de mestria, rápido e assertivo, rodou o corpo, dobrou os braços e
colocou-a às costas, fixando as alças uma de cada lado do corpo. Agarrou a
mangueira com a mão esquerda e com a direita começou a bombar com a vareta
criando pressão na bomba e forçando a mistura a sair sob pressão, pulverizando
as plantas e deixando as folhas molhadas e cobertas com um branco sujo: a
calda! Assim fez sete vezes seguidas…