Entrou
vagarosamente e vagarosamente percorreu o corredor central, observando com o
máximo de minúcia as caras que lhe iam surgindo, quer á direita, quer á
esquerda. Em todos e cada um daqueles espaços havia gente com quem conviveu,
gente com quem trocou falas, gente a quem saudou e por quem foi saudado! Gente
que com ele riu. Gente que o consolou nas suas mágoas e tristezas e a quem deu
alento nas horas de amargura! Alguns até andaram com ele ao colo! Que saudades
das sua presença física! Acorria-lhe á lembrança um turbilhão de memórias,
fatos felizes e menos bons que viveu. Tanta gente sua conhecida e junta num
espaço tão pequeno!
Não! Não podia de
forma nenhuma ficar deprimido com estas recordações. Assumiu que o que ali o
levou foi exactamente visitar os amigos que nesta ultima morada se encontram.
Sabe, e di-lo feliz, que todos o esperam mas vai protelando e arranjando
motivos que o levem a adiar a viagem…
Mal entrou naquele
campo elevou os olhos e permaneceu em silêncio orante, como que pedindo licença
para interromper as actividades em curso: o repouso eterno dos amigos! Não lhe
ocorreu nada mais que o Pai Nosso, e assim silencioso, o pronunciou
mentalmente, repetindo cada pedido duas e três vezes… disse de forma rápida o
“venha a nós o vosso reino…” e demorou-se um bom bocado a pronunciar “o pão
nosso de cada dia nos dai hoje…” repetindo depois com profunda convicção
“perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos…”
Ao rezar, ia
lembrando todos quantos ali estavam retratados estando convicto de que, por
cada um deles, pronunciou aquela oração…