Eram solidários do nascer
ao morrer!
Não havia acontecimento,
por mais discreto que fosse, que não alegrasse ou
entristecesse toda a
Comunidade. Olha que eu tenho histórias… e calou-se mais uma vez, absorto em
pensamentos felizes, tal era o seu semblante. Fiquei parado e ele continuou o
caminho, íamos agora no Carreiro da Fonte, aquela estrema entre terras, a par
com a caleira de água construída em adobes pelo Silvério, mesmo perto da Fonte
da Meneza. Ali me sentei até que ouvi o chamamento: Então? Ficas? E lá me fui
no seu encalce. Chegados a Fonte, ali nos sentámos e a conversa continuou.
Como te disse no meu tempo
era-se solidário do nascer ao morrer. Todos os acontecimentos eram motivo para
coisas sérias! Manifestações de carinho e apoio eram uma constante. Olha que
ninguém passava por ninguém que o não saudasse, fosse a que horas fosse do dia,
conhecesse-se ou não! Os desejos de paz e alegria não custavam nada a dar e
agradavam muito a quem os recebia! Não fui educado para andar de mal com
ninguém, nem eu nem os do meu tempo!
Se andávamos sempre
alegres, bem,… fazíamos por isso...
Olá. Ainda anda por aqui? Descobri hoje o seu blog e tenho-me deliciado e comovido. Também sou gandarês. Nascido em Coimbra, mas gandarês de parte da mãe, Febres, e pai, Vilamar, as ainda chamadas agora terras dos ourives. A minha avó era peixeira (que acumulava com a lavoura e o servir em casa de gente rica da terra). Vendia peixe da Praia de Mira, andando quilómetros descalça, com uma canasta à cabeça. O meu avô era amigo do Carlos de Oliveira, filho de um médico do povo de Febres. Foi ele que ensinou ao escritor o nome das coisas da gândara, em caminhadas pelos campos. Sinto até saudades do cheiro do estrume nos campos lavrados e da resina dos pinheiros, e sobretudo da pequena casa de adobe, já quase em ruínas, que o meu avô, pedreiro, ferreiro e tudo, construiu quase sozinho, depois de ter amealhado algum (pouco) no Brasil e em França. Pronto, era isto. Vou explorar mais o seu blog, para voltar à infância das minhas férias grandes. Obrigado e saudações gandaresas.
ResponderEliminarAntónio Cruz