sexta-feira, 29 de novembro de 2019


Eram solidários do nascer ao morrer!
Não havia acontecimento, por mais discreto que fosse, que não alegrasse ou
entristecesse toda a Comunidade. Olha que eu tenho histórias… e calou-se mais uma vez, absorto em pensamentos felizes, tal era o seu semblante. Fiquei parado e ele continuou o caminho, íamos agora no Carreiro da Fonte, aquela estrema entre terras, a par com a caleira de água construída em adobes pelo Silvério, mesmo perto da Fonte da Meneza. Ali me sentei até que ouvi o chamamento: Então? Ficas? E lá me fui no seu encalce. Chegados a Fonte, ali nos sentámos e a conversa continuou.
Como te disse no meu tempo era-se solidário do nascer ao morrer. Todos os acontecimentos eram motivo para coisas sérias! Manifestações de carinho e apoio eram uma constante. Olha que ninguém passava por ninguém que o não saudasse, fosse a que horas fosse do dia, conhecesse-se ou não! Os desejos de paz e alegria não custavam nada a dar e agradavam muito a quem os recebia! Não fui educado para andar de mal com ninguém, nem eu nem os do meu tempo!
Se andávamos sempre alegres, bem,… fazíamos por isso...

1 comentário:

  1. António Cruz27 março, 2020

    Olá. Ainda anda por aqui? Descobri hoje o seu blog e tenho-me deliciado e comovido. Também sou gandarês. Nascido em Coimbra, mas gandarês de parte da mãe, Febres, e pai, Vilamar, as ainda chamadas agora terras dos ourives. A minha avó era peixeira (que acumulava com a lavoura e o servir em casa de gente rica da terra). Vendia peixe da Praia de Mira, andando quilómetros descalça, com uma canasta à cabeça. O meu avô era amigo do Carlos de Oliveira, filho de um médico do povo de Febres. Foi ele que ensinou ao escritor o nome das coisas da gândara, em caminhadas pelos campos. Sinto até saudades do cheiro do estrume nos campos lavrados e da resina dos pinheiros, e sobretudo da pequena casa de adobe, já quase em ruínas, que o meu avô, pedreiro, ferreiro e tudo, construiu quase sozinho, depois de ter amealhado algum (pouco) no Brasil e em França. Pronto, era isto. Vou explorar mais o seu blog, para voltar à infância das minhas férias grandes. Obrigado e saudações gandaresas.
    António Cruz

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