Têm forçosamente que ser estrumados e adubados,
enriquecidos assim com o húmus e azoto para melhor responder às exigências, em
termos de produção, que lhe são feitas! Ensinamentos transmitidos de geração em
geração, oralmente e depois, já na idade de ir p’rás terras, na prática. Era
assim que faziam já os Pais, Avós, Bisavós, etc., etc. Todos estavam ligados á
terra que só produz á custa de muito trabalho e suor.
Durante os meses de Fevereiro e Março, o monte
de esterco que havia sido carregado para as terras e amontoado numa das
extremidades do terreno, onde havia sido “caldeado” com moliço da Ria, agulhas
secas e esterco que havia sido retirado dos currais do gado, tendo servido para
lhe “fazer as camas” era dividido e carregado para toda a terra, colocado em
montes pequenos ao meio desta no sentido da largura, em espaço onde previamente
estonado, deixando a terra nua e crua no sítio onde era descarregada a carrada,
alinhados em todo o comprimento e distantes uns dos outros de cerca de quatro,
cinco metros, qual fileira de “montes de esterco”, correspondendo o seu tamanho
a uma carrada de carro de vaca ou de dois bois.
Depois deste trabalho, feito normalmente pelos
homens, as terras eram cavadas com enchadas, por homens e mulheres, formando
ranchos em troca de tempo que, manta a manta, reviravam o terreno, depois da
estona, cavando á rasa, a releicho ou a manta, de acordo com a finalidade
pretendida, tendo em conta a cultura que estava destinada nessa altura para o
terreno.
Chegados ao pé dos montes de “esterco”, passavam-nos
para trás, para a terra cavada e continuavam a cavar.
Se a sementeira prevista na terra a cavar eram
as batatas, quando o rancho era grande e já estava cavada uma porção
considerável de terreno, muitas das vezes passava para a parte de trás um grupo
de pessoas, nunca inferior a quatro, podendo neste trabalho ser aproveitada uma
criança para desempenhar uma função e permitir maior rendimento de trabalho dos
adultos. Das quatro pessoas que passavam para a sementeira, uma era a que,
munida de um cesto de vime, carregava o esterco dos montes para o corte e o
dividia em camada uniforme pelo corte ou carreiro. Outro puxava terra com as
mãos para cima do esterco e colocava a semente sobre esta. Outro ainda,
eventualmente a criança, munida de um boaneiro, ia colocando pequenas pitadas
de adubo (uma mistura de amónio e potassa), sobre o esterco, entre as talhadas
da batata, mas nunca muito próximo destas e finalmente, a última, era o
alagador que, munido de uma enchada de cem mil réis, ía alagando, cobrindo com
terra a semente, deixando assim aberto novo sulco ou carreiro, tapando o
primeiro para repetir todo o ritual, quase automático, de cada uma das pessoas
que andavam neste corte...
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