…/… ..., “mas hoje temos de ir ao fojo, tirar as
carapitas ao milho, pois a espiga já está formada e a palha é nassaira para
alimentar o gado”.
Tirar as carapitas! E
eu que estava tão bem na cama! Mas quem me mandou andar até ás tantas no S.
Tomé? Arre! Mas... tem que ser.
E lá fui!
Porque faltava regar dois traveses junto ao poço, tirei a “loira” do
carro e levei-a para junto do poço. Logo se pôs em marcha até ao cambão e ali
ficou até que lho colocasse no cachaço, unisse as apiaças ao mesmo, lhas
passasse pelos cornos e aplicasse a brocha que, unida aos cangalhos do cambão,
iria eventualmente impedir que este levantasse e a impedisse de fazer rodar o
engenho que havia de, numa monotonia constante, através dos alcatruzes,
transportar a água até á almace para depois regar o milho.
Enquanto ele guiava a água, regadeira após regadeira, a mãe deu início
á quebra das carapitas, bandeiras do milho, que serviram para a polinização do
mesmo e agora iriam servir de alimento á “loira” e ás bezerras que tinham
ficado no curral.
Que mestria e certeza no golpe para partir a palha! A mão direita,
aberta, agarrava a carapita de forma a que “os nozes” dos dedos, na união com a
mão, tocassem na espiga. Fechava a mão de forma a que o dedo “mindinho” ficasse
imediatamente acima do primeiro nó de ligação da mencionada parte da palha. Com
um gesto firme, seguro e seco, inclinava-a para o lado diametralmente oposto á
espiga e ouvia-se um “toc” seco ficando separada a carapita do pé do milho e lá
vinha esta, qual bandeira no ar, encontrar-se com outras que já haviam sido depositadas
sobre o ombro esquerdo e eram seguras pelo mesmo braço. Assim de fazia até
juntar trinta e cinco, quarenta carapitas, formar uma boa gabela e, com muito
jeito, transportá-la até ao carro da vaca, depositá-la ali e voltar ao mesmo
sítio, e voltar a fazer o mesmo.
Quando se chegava lá mais para o fim da terra, para fazer render o
tempo, as gabelas eram depositadas da estrema, separadas, sempre com a palha
“ugada”, para depois serem juntas, colocadas sobre uma corda, fazer um feixe
que era colocado á cabeça e transportado para o carro para depois ir parar a
casa.
Depois de regar os
traveses que faltavam, tirou a vaca do engenho e amarrou-a á roda do carro.
Tirou-lhe o cofinho, depois o taipal do carro que estava do lado dela e
colocou-lhe uma gabela de carapitas no estrado para que ela se alimentasse,
facto a que não se fez rogada.
Tentou então ajudar a
mãe na faina de tirar as carapitas ao milho para mais cedo irem para casa. Mas
que jeito lhe faltava!
Ainda não tinha uma dúzia de bandeiras no ombro e já sangrava do dedo mindinho por golpe provocado pela palha devido á falta de “ciência” no golpe para a partir e separar do pé de milho!
Mas não deu parte de fraco. Sempre que uma carapita dobrava e não a
conseguia partir á primeira...
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