
Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
sábado, 6 de março de 2010
Março á porta!
...vai aproveitando o tempo para cortar umas cestadas de batatas do segundo ano para semear naquela leira. Os cachopos, dois rapazes e uma cachopa, ainda têm que ir á Escola, aprender as letras. Um na primeira e outro na terceira classe e ela acompanhando a mãe nas voltas da lide para vir a ser mulher de respeito e desejada. Se chegar ao fim da enrega antes do meio-dia, trar-lhe-ão os bois, basta jugá-los á canga e pô-los ao carro onde já ficou carregada a charrua e taimão. Um dos rapazes guiará então os bois, manta a manta, de dentro a fora, enquanto o Ti Manel, de aguilhada na mão, afoitará os bois, guiando a charrua e lavrando o terreno para que areje e receba então a semente que fará produzir uns bons tostões no cedo. A aguilhada servirá, para além de tocar os bois, para cortar alguma estona mais forte que impeça a relhada de alinhar a manta da lavra de alto a baixo e facilite a progressão do trabalho.
Logo que metade da terra esteja lavrada ou quando os montes de esterco começarem a impedir os bois de avançar na lavra, é tempo de lhes dar descanço. Com a charrua enterrada no terreno, param. Ti Manel e o rapaz, munem-se de engaços e passam o monte de esterco para a terra lavrada. Voltam ao princípio, isto é, rapaz á soga e Ti Manel á charrua. Descanço para os bois, mas não para o homem nem para o cachopo. É que o trabalho do menino é pouco, mas quem o engeita...é louco.
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