segunda-feira, 10 de maio de 2010

Formas de vida, experiências no imediato...

… …e lá iam muito alegres. Cada um deles com uma funda ao pescoço, bolso cheio de pedras roleirinhas, as sete ou oito costelas, todas ela com fio e pau para as fixar ao chão, não vá o diabo tecê-las e cair lá alguma pomba que lhe arrancasse com tudo por causa do bicho. Tinham escolhido a Costeirinha, ali mesmo perto do rio da fonte e onde, além de pardais, andavam algumas rolas, melros e “cusculhoas”, podendo mesmo aparecer alguma pomba caseira, sabia-se lá! Antes, tinham tido uma conversa séria com o pai pois tinham-lhe ido dizer que, quase todos os dias, eles se iam consolar nuns mergulhos num poço do alto das fontes! Não era assim tanta verdade como lhe havia dito, nem mentira total (!?). Tinham por lá ido algumas vezes, … não todos os dias! E a água que era tão limpinha! Além disso os alcatruzes davam uma escada que era um regalo para sair do poço! Mas… tinham prometido ao pai, estava prometido! Palavra dada, era palavra sem retorno! Não iriam ao poço…hoje! Chegados á Costeirinha, separaram-se e combinaram encontrar-se junto á vinha do Ti João da Zacatuna, depois de armarem as costelas todas. Um, arranjou bichos nas canoilas de milho da terra da Ti Joana do Jorge, guardou-os numa caixa de palhitos que trazia no bolso cheia de farinha de milho, para armar as costelas, o outro armou-as com carochas e milho, sempre queria ver se enganava alguma rola, melro ou pomba. Costelas armadas e…ala até á vinha conforme acordado. Tinham que combinar agora a volta que iam dar para espantar os pardais com as fundas e, tentar derrubar um ou outro. Com um pouco de sorte… Chegaram á vinha ao mesmo tempo. Deitaram-se de papo ao ar, debaixo das parreiras, á sombra e iam falando dos bandos que tinham visto enquanto armavam asa costelas. Os pardais eram aos milhares mas, melros, nem um haviam enxergado! Viram uma rola a esvoaçar e ouviram uma outra a cantar, deveria estar empinheirada ali perto. O sino da torre fez-se ouvir com quatro badaladas. Já tinha passado mais de meia hora depois e terem armado as costelas. Estava na hora de ir dar uma volta para “alservar” as costelas. Levantaram-se e cada um se fez ao caminho e refez o percurso que havia feito na colocação das costelas. Nada mau para começar a caçada! Logo na primeira costela um rolhaça preso pelo pescoço, e… o bicho inteirinho! Dava para a armar outra vez e foi o que fez de imediato. Meteu o pardal na algibeira e rumou á outra costela. Não tinha nada! O mesmo aconteceu na terceira! Ora bolas, já estava a ficar meio amuado. Mas na outra costela, já começou a compensar: Tinha uma rola brava presa por uma asa. Saltava que nem uma perdida e estava vivinha da silva. Que bem que ela iria ficar na gaiola que tinha feito do caixão velho! Não fora o fio e o pau espetado no chão e de certeza que a costela tinha ido não se sabe bem para onde!

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