
Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
terça-feira, 4 de maio de 2010
totalmente alheio...
...
Entrou de rompante, quase atropelando a senhora em causa! Era na verdade uma Capela. Pequenina! Silenciosa, onde se encontrava uma mesa robusta, com tampo de madeira grossa, servindo de ara. Sobre a mesa, uma toalha alva! Sobre a toalha, uma cruz, também de madeira, com uma imagem, sofrida, de Cristo crucificado.
Olhou em volta e não viu ninguém! Mas…haviam-lhe dito que o aguardavam lá dentro!
A sala só tinha três bancos podendo cada um levar quatro pessoas sentadas!
Já que ali estava, aproximou-se da mesa/altar e deixou-se cair no banco da frente. Não sabe descrever se se sentou, se caiu mesmo! O ambiente era de silêncio absoluto! Ele espetou os olhos na Cruz, fixou a face de Cristo, encarou as suas chagas e… desatou a chorar baixinho, desalmadamente! Soluçava que nem uma madalena e assim se manteve, não sabe ao certo por quanto tempo! Ele e quem o esperava! Nem uma palavra audível dirigiram um ao outro! Entenderam-se no sofrimento, na angústia sofrida e consumação do destino involuntariamente fabricado. Sabia só que pouco passava das três da tarde quando ali entrou! No seu soluçar, lembrou os ensinamentos que adquirira nas aulas de catequese, Ele também havia entregue o espírito ao Criador exactamente ás três da tarde!
Um calafrio, lento e forte, percorreu-lhe todo o corpo. Suores frios, em vagas grandes, mais parecendo pingos de chuva em beiral, percorriam-lhe o rosto! Quem lhe estaria a sussurrar tais pensamentos, a ele que se encontrava numa casa de vida existente num edifício onde por vezes se luta por trazer á vida novas vidas? Como poderia estar a receber correntes negativas e a deixar-se influenciar tão fortemente? Parecia petrificado, hipnotizado, tendo adquirido uma cor branca de um pálido agressivo e não desviava os olhos daquela imagem sofrida! Teve a ligeira impressão de que alguém lhe pousou a mão sobre o ombro mas não reparou quem lhe fez tal! Não quis saber quem lhe estava a fazer companhia e manteve-se na mesma posição!
Certo que não foi ouvido nenhum rumor de porta a abrir e/ou a fechar...
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