sábado, 1 de maio de 2010

Pois mudou! Mudou-lhe a vida!

Nunca tinha tido coragem de falar abertamente com a sua Maria acerca desse assunto, que aceitava ser só dela mas que o revoltava por esse facto. Temia o pior! Talvez, sem fundamento, agonizava neste estado de torpor de vida e consciência e acordava sobressaltado durante a noite, tentando ouvir a respiração da Maria só depois descansando, ou melhor, dormindo mais um pouco, forçado pelo cansaço! Recorda a cada momento a ansiedade, o desassossego que o afligiu quando a Médica o chamou á sala para assistir ao nascimento do Pimpolho. E estava já interiormente preparado para tudo quando algo que desconhece aconteceu a Médica decidiu ter de fazer o trabalho no Bloco! Azar o seu! Agonia dobrada! Acompanhou a Maria até á entrada do bloco e…foi impedido de entrar! Ficou por ali, num impasse que o enlouquecia e queria tirar á vida. Viu-se só naquela minúscula sala de espera, que lhe parecia enorme e em vez de lhe abrir horizontes, o enfezava e fazia definhar atrofiando-o até na respiração! Ousou, por um curto período de tempo, como que esmagado pela dor da dubiedade que lhe provocava fortes dores de cabeça, falta de visão, incerteza de movimentos, espreitar pela porta por onde havia entrado, diametralmente oposta aquela por onde haviam levado a sua Maria, espreitar para o espaço que lhe parecia ser um corredor mas a que não havia tomado atenção. Deparou-se com um letreiro sobre a porta, fechada, que deveria dar acesso a um compartimento situado mesmo em frente daquele onde se encontrava, que dizia simplesmente “CAPELA”. Absorto, não conseguiu, no imediato, relacionar o espaço indicado com o significado da palavra que lia sobre a porta. Uma senhora, vestida de branco e já com alguma idade abeirou-se e disse-lhe simplesmente: “entre! Esperam-no lá dentro! Reconfortar-se-á e quando houver novidades, dar-lhas-ei pessoalmente!”

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