sábado, 5 de junho de 2010

modos de vida...

... Muito corrente, em actos religiosos, era o uso da cartilha (Breviário? Missal?) para as que sabiam ler (à maioria das mulheres bastava que aprendessem a ser poupadas, prendadas, limpas e trabalhadoras, ler e escrever, era um luxo a que nem todas tinham acesso e o saber ler e escrever só lhes traria a possibilidade de abrir a mente ao mundo e dar-lhe o mundo a conhecer seria levá-las numa viagem que de certeza nada de bom lhe proporcionaria, pois elas queriam-se racatadas, humildes e obedientes!) e um terço na mão. As mais bafejadas pela sorte (de mais teres e haveres) distinguiam-se por vestir Casaquinha de veludo, saia de brocado e lenço de seda; As cachopas quando iam às festas e romarias, tais como S. Tomé, Stº. António, Sª. da Saúde e outras, vestiam saia e blusa de chita, cinta vermelha, avental de popelina branca com rendas nos “bolsos” (algibeiras). Na cabeça usavam lenço de caixené e chapéu Gandarês, calçando chinelas de celeiro e meias de algodão. Nunca esqueciam a condessa, transportada à cabeça, onde levavam a merenda, composta de “guloseimas” como broa e chouriço. Era a mulher do lavrador rico, quando se deslocava às feiras (Portomar, Mira, Calvão, Cantanhede, Tocha, aos “treze” a Ilhavo, etc) quem vendia os produtos que produziam em “excesso” e ao mesmo tempo ajudava o marido nos negócios de gado, preocupando-se quase sempre com as condições da “fiança” da rês, já que tinha de lidar muito de perto com os animais, dando-lhe de comer, tirando-lhe o leite, carreando com eles, etc. Adquiria na mesma feira, com o dinheiro da venda dos produtos excedentes, aqueles que lhe eram necessários até à feira seguinte. Se o interesse era vender muitos produtos, usavam o carro dos bois para o transporte, muitas das vezes até Cantanhede ou Ilhavo, onde “negociantes” maiores os transportavam para os principais centros de consumo. Normalmente, era “ à cabeça” que os produtos eram carregados. O que mais se produzia eram as batatas, o milho, o feijão e nos Palhais, nos Ribeiros ou ainda no Chão Velho, o arroz. (Que grandes caldeiradas de enguias se comiam quando se amanhavam as lamas...)

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