
Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
sábado, 5 de junho de 2010
modos de vida...
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Muito corrente, em actos religiosos, era o uso da cartilha (Breviário? Missal?) para as que sabiam ler (à maioria das mulheres bastava que aprendessem a ser poupadas, prendadas, limpas e trabalhadoras, ler e escrever, era um luxo a que nem todas tinham acesso e o saber ler e escrever só lhes traria a possibilidade de abrir a mente ao mundo e dar-lhe o mundo a conhecer seria levá-las numa viagem que de certeza nada de bom lhe proporcionaria, pois elas queriam-se racatadas, humildes e obedientes!) e um terço na mão.
As mais bafejadas pela sorte (de mais teres e haveres) distinguiam-se por vestir Casaquinha de veludo, saia de brocado e lenço de seda;
As cachopas quando iam às festas e romarias, tais como S. Tomé, Stº. António, Sª. da Saúde e outras, vestiam saia e blusa de chita, cinta vermelha, avental de popelina branca com rendas nos “bolsos” (algibeiras). Na cabeça usavam lenço de caixené e chapéu Gandarês, calçando chinelas de celeiro e meias de algodão.
Nunca esqueciam a condessa, transportada à cabeça, onde levavam a merenda, composta de “guloseimas” como broa e chouriço.
Era a mulher do lavrador rico, quando se deslocava às feiras (Portomar, Mira, Calvão, Cantanhede, Tocha, aos “treze” a Ilhavo, etc) quem vendia os produtos que produziam em “excesso” e ao mesmo tempo ajudava o marido nos negócios de gado, preocupando-se quase sempre com as condições da “fiança” da rês, já que tinha de lidar muito de perto com os animais, dando-lhe de comer, tirando-lhe o leite, carreando com eles, etc.
Adquiria na mesma feira, com o dinheiro da venda dos produtos excedentes, aqueles que lhe eram necessários até à feira seguinte. Se o interesse era vender muitos produtos, usavam o carro dos bois para o transporte, muitas das vezes até Cantanhede ou Ilhavo, onde “negociantes” maiores os transportavam para os principais centros de consumo. Normalmente, era “ à cabeça” que os produtos eram carregados.
O que mais se produzia eram as batatas, o milho, o feijão e nos Palhais, nos Ribeiros ou ainda no Chão Velho, o arroz. (Que grandes caldeiradas de enguias se comiam quando se amanhavam as lamas...)
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