domingo, 11 de julho de 2010

Que saudades!...

...e durante a época da faina, irmanou-se na pesca da sardinha e carapau nas Xávegas da Praia de Mira. O barco (em terra, um monstro, no mar, uma casca de nós franzina!) com quatro remos, saía para o mar com quarenta homens, arrastado por quatro juntas de bois. O restante pessoal da companha, pessoal de terra, enorme quantidade de homens, músculos das pernas retesados, empurrando e dando a sua ajuda para a onda exacta, no momento certo que esta se espraia, bois com água pelo peito, mansos, comungando a mesma paixão dos homens, associando-se ás suas dores e necessidades, deixando uma ponta da corda, (qual cordão umbilical que os une á terra mãe, mesmo quando se encontram em pleno ventre do oceano bravio) puxarem e empurrarem, fazendo deslizar o barco sobre os rolos de madeira, assentes sobre varas do mesmo material, para impedir que o barco se enterre nas areias soltas e torne mais difícil o deslize, até que os remos comecem a tomar conta do barco e, de forma rápida e segura, passem além da quebra da onda, a chamada “cabeça” local de maior perigo tanto no entrar, como no arribar. Já no alto mar, é lançado o saco da rede, “em nome de Deus”, completam o cerco e, sempre largando a manga e posteriormente o varal da corda, regressa a terra, entregando-a aos homens que ali se encontram e lhe atrelam de imediato as juntas de Bois, doze juntas por cada Companha, seis em cada corda, que, dolente, contínua e firmemente, arrastam a rede com um andamento certo. Assim passavam de quatro a seis horas dando, na melhor das hipóteses, dois lanços por dia: um de manhãzinha e outro ao principio da tarde.

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