domingo, 4 de julho de 2010

Tanoeiro? Calafate? Carpinteiro Naval?

...os homens vestiam calça e colete de burel, camisa de linho alvo, chapéu de feltro, aba larga, calçavam botas de atanado e usavam uma vara de marmeleiro com aguilhão na ponta para castigar os animais, cabrestos e sogas ao ombro, de diversos tamanhos, e tesoura de bicos finos metida em coldre próprio, usada para colocar no gado, através do corte do pelo, a sua marca própria (normalmente iniciais do seu nome). Nesta parte da descrição, fez referência com pormenor ao homem que se dedicava à construção de Xávegas, Barcos Moliceiros, Bateiras, Botes e outras embarcações típicas, bem como reparações nos mesmos. Quando este trabalho escasseava, havia sempre um ou outro carro de bois (de varais ou de toiço, para um ou dois animais) para construir e o artista era o mesmo. Ainda hoje se pode apreciar a destreza do Evangelista Loureiro, no seu “ estaleiro” na Rua dos Ribeiros, no Seixo neste meticuloso trabalho! Nessa altura o carpinteiro vestia calça e colete de cotim, camisa de riscado, cinta preta e usava chapéu de feltro, aba curta, calçando botas de atanado. Tinha varas com muitas marcas (vara dos pontos) que o ajudavam a fazer os barcos e as alfaias com que trabalhava, quase sempre tinham um toque pessoal no seu fabrico. Além da serra de mão, a enxó era o instrumento de que nunca prescindia, bem como o martelo, trado e cravos (pregos) de metal, para não apanharem ferrugem, durando muito mais tempo. Em sua casa havia sempre estopa, breu e casca de arroz, para fazer as pequenas reparações (o amanho), normalmente no cais. Com que ênfase se referiu á mulher que curtia e vendia os tremoços nas feiras (Portomar e Mira) ou ainda aos Domingos e Dias Santos, no Largo do Zé Velho, Adro da Igreja Velha, Cruzeiro ou outros lugares do Concelho. (Normalmente e sempre onde houvesse grande concentração de gente). Aparecia com o açafate dos tremoços á cabeça, medidas dentro deste, e um banquito de madeira para se sentar e, em amena cavaqueira, “fazer e desfazer casamentos, enterrar vivos e desenterrar mortos com quem lhe aparecesse, enquanto os pares de namorados ou grupos de rapazes e cachopas se passeavam ou pelo local se entretinham. Vestia saia de flanela, blusa de chita, avental de popelina, cinta vermelha, algibeira para guardar o dinheiro, lenço de caixené, chapéu de pena e calçava chinela de celeiro. Para transporte dos tremoços, usava açafate de verga cascada, saco de linho e conjunto de medidas de madeira aferidas (litro, meio- litro, quarto de litro, oitavo do litro). Era o eventual comprador quem a ajudava a arrear o carrego e a recolocá-lo à cabeça. ...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Arquivo do blogue