Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
“Não tenho a vida por que sempre lutei, mas, acreditai, lutei e luto muito para ter a vida que tenho!”
Entrou Setembro e com ele as primeiras chuvas.
A maior pate do milho já está recolhido, nem todo seco, mas pouco está ainda nas terras agarrado á palha.
Fizeram-se algumas cascadelas, cascou-se mito milho nos quintais á sombras de abrunheiros e laranjeiras velhas, durante o dia, arrumou-se a palha nas cabanas e mudou-se as carapitas para medas… arrasaram-se as regadeiras á enxada ou com grade dos bois.
O arado com arrabenhos de vime, está pronto para fazer os primeiros margidos!
E é isso mesmo que o nosso Ti Manel vai fazer hoje!
A chuva que caiu ontem, durante a noite e hoje mesmo, molhou o terreno o suficiente para que se pensasse em amargiar as terras dos fojos. A Maria caldeou já as sementes do pasto para espalhar logo depois de passar a grade pela terra, garantindo assim fartura para o gado logo no cedo.
Tinham que aproveitar o tempo e a feição como ele estava a correr.
Tirou os bois do curral. Um de cada vez. Primeiro o Cabano e atou-o á argola junto da pia para que ele se dessedentasse. Depois fez o mesmo com o Amarelo.
Logo que eles acabaram de beber, jungiu-os com a canga, apeaçou-os e levou-os assim, juntos, para o toiço do carro onde havia já colocado a grade de dentes.
Chamou o rapaz e pô-lo a agarrar a soga que unia os animais pelos cornos enquanto levantava o toiço do carro e lhe colocava a chavelha, unindo-o á canga, formando assim um conjunto único, uno e simples, carro e bois.
Carregou depois o arado e o taimão para a grade. Carregou ainda os dois sacos de semente para espalhar na terra.
Quase quatro arrobas de pasto para amargiar!
Pediu á Maria que lhe trouxesse dois sacos, dos grandes, de amónio, para fazer uns capuchos, para ele e para o rapaz, caso a morrinha engrossasse e intentasse em trespassar-lhe a farpela e os ossos.
Posto isto, pôs-se a caminho, rumo aos fojos. O filho acompanhava-o! Alegre mas calado, caminhando ao lado do carro dos bois, muito próximo das pernas do Cabano. Sonhava já com a Escola que estava quase a começar! Também já só faltava um ano. Faria a 4ª classe e o pai já lhe havia prometido que, caso ele se desse bem, compraria...
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