
Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
...um balseiro repleto de cachos...
A vindima fazia-se nos primeiros dias de Outubro. Naquele período de tempo que fazia ainda lembrar o Estio e a que chamavam o Verão de S. Martinho.
A criançada, convidada por natureza para acompanhar seus pais, fazia do acto uma festa e um tirar a barriga de misérias no que tocava a comer cachos, aparecia á mesma hora que estes, de cara lavada e roupas algo mais limpas.
Era raro ralharem com eles nesse dia!
Habituados a não mexer em nada, era certo e sabido que ás cepas com uvas por apanhar, não se mexia: Eram do patrão que com elas iria fazer uma boa pinga. Só depois de as pessoas, que andavam a apanhar os cachos, por lá passarem é que as crianças percorriam aturada e minuciosamente todo e cada pé de videira, observando as cepas desde o pé até ao final de cada vara, andavam ao rabusco, para ver se havia uma ou outra esgalha para deitar a mão e comer sem que ninguém lhes chamasse a atenção.
Aos adultos não restava outra hipótese se não deixar deliberadamente uma cacheirita para trás para alegrar a pequenada. Mas tudo sem que o patrão notasse, até porque a mulher andava por ali, de cabaz numa mão e faca na outra. Depenicava aqui, depenicava ali e cortava os cachos, brancos, que achava mais doces e douradinhos, para levar para casa e guardar depois para por na mesa quando os filhos e/ou convidados aparecerem.
Mas era certo que andava sempre de olho nas pessoas e na garotada!
Na noite anterior e porque se constava já que iriam vindimar, era costume, e assim se fez, o homem passou largas horas lá pela vinha, deitado debaixo duma cepa e de um canto para o outro, sempre alerta não fosse o diabo tecê-las e acontecer-lhe o que aconteceu já a tantos outros: ficar sem mais de metade dos cachos!
Mas voltemos á vinha do Carvalho onde reina a alegria e donde saíram já um balseiro repleto de cachos e a dorna está já mais de meia…
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário