segunda-feira, 8 de abril de 2013


… ainda bem que chegaste.
Senta-te aqui e ouve-me que hoje te quero falar dos alagamentos do Chão Velho.
Todos aqueles terrenos, agora baixos, que vão desde a estrada de alcatrão até às Fontes do Olho, sempre a par e dum lado e doutro daquela vala que vai dar origem à Vala dos Almeidas, foram, em tempos, lugares de sementeira e produção farta de arroz!
Cavavam-se as lamas em Fevereiro, faziam-se os viveiros do arroz num canto do alagamento e em Março lá se dispunham as plantas por todo o alagamento cavado.
Depois era só esperar que a água lhe não faltasse…
Olha que pouca gente comprava arroz nesse tempo.
Logo que as espigas ficavam louras, apanhava-se o arroz com o foicinho, emolhava-se, enfeixava-se e deixava-se a escorrer nos cômoros entre os alagamentos para depois ser carregado, à cabeça, para o carro da vaca e então ser transportado para a eira. Aqui eram abertas as faixas e encarreirado o trigo, espigas sempre a par umas com as outras, sempre em carreiras certinhas. Virava-se o arroz que se encontrava junto á eira, de baixo para cima amiudadamente e, quando toda a eira estivesse coberta de fina camada dourada, agarrava-se ás mãos cheias e, uma de cada vez, batia-se com a espiga numa mesa de madeira, colocada na eira, tantas vezes quantas as necessárias para fazer sair e cair todo o arroz que cada espiga possuía.
Depois, mais uns dias a apanhar sol na eira e era ensacado ficando na casa da arrumação a aguardar a oportunidade de ir ao moinho para ser descascado e ficar em condições de poder ser usado para masturar a sopa ou ser cozido simples para a alimentação das bocas da casa.
Aquilo sim, era coisa de qualidade…

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