… ainda bem que chegaste.
Senta-te aqui e ouve-me que hoje te quero falar dos
alagamentos do Chão Velho.
Todos aqueles terrenos, agora baixos, que vão desde a estrada de alcatrão
até às Fontes do Olho, sempre a par e dum lado e doutro daquela vala que vai
dar origem à Vala dos Almeidas, foram, em tempos, lugares de sementeira e
produção farta de arroz!
Cavavam-se as lamas em Fevereiro, faziam-se os viveiros do arroz num canto
do alagamento e em Março lá se dispunham as plantas por todo o alagamento
cavado.
Depois era só esperar que a água lhe não faltasse…
Olha que pouca gente comprava arroz nesse tempo.
Logo que as espigas ficavam louras, apanhava-se o arroz com o foicinho,
emolhava-se, enfeixava-se e deixava-se a escorrer nos cômoros entre os
alagamentos para depois ser carregado, à cabeça, para o carro da vaca e então
ser transportado para a eira. Aqui eram abertas as faixas e encarreirado o
trigo, espigas sempre a par umas com as outras, sempre em carreiras certinhas.
Virava-se o arroz que se encontrava junto á eira, de baixo para cima
amiudadamente e, quando toda a eira estivesse coberta de fina camada dourada,
agarrava-se ás mãos cheias e, uma de cada vez, batia-se com a espiga numa mesa
de madeira, colocada na eira, tantas vezes quantas as necessárias para fazer
sair e cair todo o arroz que cada espiga possuía.
Depois, mais uns dias a apanhar sol na eira e era ensacado ficando na casa
da arrumação a aguardar a oportunidade de ir ao moinho para ser descascado e
ficar em condições de poder ser usado para masturar a sopa ou ser cozido
simples para a alimentação das bocas da casa.
Aquilo sim, era coisa de qualidade…
Sem comentários:
Enviar um comentário