terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Era mesmo e só amor e uma cabana!

… olha rapaz, passei muito mal nos meus primeiros tempos de casado. Casei com cinco dedos em cada mão.
Casei por amor e ainda hoje vivo com a minha Maria por amor.
Sempre dividimos tudo o que tivemos. Dos filhos á fartura, passando pela doença, pelas tristezas, pela alegrias, pela faltas de cada um e acima de tudo sempre vivi a pensar mais nela que em mim. Se calhar estou a faltar á verdade. Quando digo que pensava mais nela que em mim, vê se me entendes, não quero dizer que me alheava de mim mesmo ou que deixasse de viver. Ei vivi, vivia e vivo fazendo tudo para a fazer feliz! É que vendo-a feliz, eu sou feliz também. Mas acredita que nunca escondemos nada um ao outro. Até agora tudo foi por nós partilhado e a suprema virtude queremos encontrá-la quando partilharmos a morada eterna. Sim, por que os nossos dias aqui, com a vontade de Deus, estão contados. Mas estamos preparados para isso. Não sabemos quando vai ser mas sabemos que um dia será. E olha que vivemos felizes! Quando faltarmos um ao outro, vai ser uma experiência que só um viverá.
Mas não penses que estou no desânimo. Não. Estou aqui são e fero. As cruzes, ás vezes, é que inrregam a dar sinal mas nada que não aguente.
Olha, logo que casámos apartamos casa dos nossos Pais. Fomos viver para uma casa velha, com poucas condições mas foram o bastante para nos conhecermos melhor e enraizarmos o amor que no unia.
Para tomar banho, aquecíamos a água numa panela grande que a Maria foi comprar à feira e levávamos-nos numa bacia ainda maior que de lá veio também. Tínhamos uma retrete junto ao poço, na cerca das galinhas. Sim! Tu ris-te? Mas era verdade! Ainda a necessidade não tinha saído completamente do corpo e já a guerra se tinha declarado lá em baixo! Mas fomos muito felizes naqueles tempos.

Era mesmo e só amor e uma cabana!
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