Ih cum raio! Atão não havia de experimentar
ele também e fazer como aqueles que querem fazer figura? Ai isso é que havia!
E assim nasceu a ideia que estava a por em
pratica hoje mesmo. Falou lá com a Maria e ala matar o treçó e a infiá-lo na
vara. Tamain os convidados eram todos
de casa: resumiam-se aos filhos e só aos filhos.
E lá pôs mãos ao trabalho. Foi á cerca do
curral, apanhou a mãe distraída e… zás. Agarrou por uma perna o filho mais
pequeno. Ele bem que gritou desalmadamente e a mãe bem que o queria abocanhar
mas de nada valeram tais intenções. Quase davam a conhecer á terra inteira o
fim que o esperava. Nem o espernear nem a gritaria demoveram o Manel de
cumprir a vontade e executar a sentença pondo-lhe fim à vida com golpe
certeiro de navalha no pescoço. De nada valeram gritos nem estrebuchos. A Maria
havia-se-lhe juntado e tinha trazido já a panela com a água a ferver para a
estrumeira. Depois do bicho morto, que pesaria uns doze ou treze quilos,
segurando-o pelas patas traseiras, o Manel enfiou-o dentro da panela, deixou-o
ali estar um pouco e depois retirou-o e colocou-o sobre a mesa. Com um saco de
juta deu em esfrega-lo firmemente arrancando-lhe a pele e todos os pelos do
corpo. Já nem parecia um porco, aliás, depois de lhe ter sido aplicada nova
entrada na panela, desta vez seguro por uma orelha e esfregado novamente nos
quartos traseiros, pode dizer-se que o bicho de porco já não tinha nada.
Pelos e pele arrancados, e estava pronto
para ser amanhado e enfiado na vara. Colocou-o em cima da mesa, afiou bem a
navalha e, com golpes certeiros, rasgou-lhe o pescoço desde e facada até ao
queixal, do externo até perto do umbigo. Fez-lhe também o cú, soltando a cagueira e
empurrando-a para o interior do corpo para retirar todo o tripado e miudezas do
animal. Os cortes não ficaram tão pequenos como gostaria mas, para uma primeira
vez, até que nem estavam nada maus. Vamos lá a ver se o resto assim corre. Com
muito jeito, meteu uma das mãos pelo corte na barriga, arrancou o tripado e
retirou-o para fora. Depois meteu novamente a mão e agarrando a traqueia,
previamente cortada e separada na goela, puxou e retirou os pulmões, coração e
fígado. Não se esqueceu de retirar os rins. Agora sim, estava o porco limpinho.
Foi só passar-lhe uma água corrente na bomba e pendura-lo na casa da adega para
que escorresse algum tempo. Amanhã dar-lhe-ia um fato novo…
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