Na sala e já todos calados, o professor
mandou a uns fazer uma cópia, a outros um problema e enquanto ditava a outros
uma história, mandou que fizéssemos um desenho na lousa. O desenho que quiséssemos,
mas que era para lhe mostrar quando estivesse feito.
Quando bateu o meio dia torre, mandou-nos
embora para casa comer e que voltássemos às duas horas! Arrumado o ponteiro e a
lousa na mala, pu-la ás costas e dirigi-me para a porta.
- Oh Manel! Manel!? - Até estremeci quando
ouvi falar no meu nome – Onde é que vais com a mala? Deixa ficar isso n
carteira e só a levas quando saíres à tarde.
Assim fiz e pus-me a correr para casa.
Quando lá cheguei, cheirava a sopas de feijão seco…
Mas isto são coisas que te não devem
interessar. Desculpa mas estava tão entusiasmado na minha matenação… Pois
digo-te eu que me agarrei com engodo à nova vida e foi um vê se avias enquanto
comecei encarreirar e a desenhar o a, e, i, o, u, a contar, primeiro pelos
dedos e depois as coisas que estavam a minha volta e até a tabuada. Ainda antes
do Natal já sabia a tabuada do um e do dois! Olha que foi agarrar-lhe a peito.
Já formava palavras de duas e três letras e sabia as cores todas…
E a partir daí nunca mais se me foi a
vontade de aprender. Foi-se mas é a vontade a meus pais de me deixar continuar
a estudar, pois com dez anos fui a primeira vez para o Alentejo, num rancho, e
lá se ficou a escola… comecei a ser ajudante de “coque”…
Nunca mais fui à escola!
Mas nem assim se me foi a vontade de
aprender. Lia o Amigo do Povo com sofreguidão, sabia sempre adivinhava as charadas e nunca larguei a
tabuada que me tinham dado para estudar… E deu nisto, olha…
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