quinta-feira, 23 de junho de 2022

Gente do Seixo...

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Areias inconstantes, simples e soltas da Gândara, deram origem a um povo simples, aberto, solto, persistente, sofrido, fazedor de soluções para o seu dia-a-dia.

Capaz de se adaptar e influenciar o meio que o envolve e sociedade que integra.

O Seixo também já teve feira! Aqui se desfaziam dos produtos de que abdicavam por considerarem supérfluos, “gulapeiros”, em detrimento do necessário essencial.

Aqui compravam, vendiam e trocavam produtos. Aqui trocavam experiências, ensinamentos. Aqui enriqueciam de forma estranha numa contínua troca de teres e conhecimentos!

Povo crente! Que cresceu á sombra da torre da Igreja onde o Sr. Cura ou Abade eram órgão máximo na gerência e orientação de toda a Comunidade.

Gente que fixou nuvens de areia! Que transformou areias soltas e simples em terrenos produtivos!

Gente que se adaptou ao rigor do tempo e criou condições para, por conhecimentos adquiridos, viver em plena harmonia com tudo e todos! Até com os animais que explorava!

De manhã e á noite, cabeça encostada entre os quartos traseiros e as costelas da vaca, mãos nos tetos em movimentos verticais de cima para baixo e de aperto intermitente, de massagem, precisos e constantes, vão libertando do úbere o precioso líquido!

Leite que de manhã e á noite, é entregue na leitaria.

Gente que ia á feira apalavrar. Gente que negociava em plena rua produtos e vivências. Gente que respeitava e se fazia respeitar dando á palavra mais valor que muitos documentos hoje lavrados nos Cartórios!

Aqui se trocavam e negociavam ferragens, cereais, tamancos, peixe, vinho, comidas, roupas, barros, batatas, plantas, porcos, bovinos, aves, chupas, tremoços…

Gente que olhava os tempos e, com base nos ensinamentos que oralmente lhes foram sendo transmitidos pelos antepassados, ousava fazer futurismo, sentenciar o presente e vaticinar ocorrências futuras!

Gente que labutou nas olarias a fazer adobes, de sol a sol…

Gente que partiu para os “Brasis”, para as “Américas” e Europa na procura e luta pela concretização de um sonho!

Gente que, com sangue, suor e lágrimas, se entregava durante mais de vinte e quatro meses, de corpo e alma, lá longe, muito perto do Cabo das Tormentas ou da Boa Esperança, a defender a Pátria amada, por imposição! Que amor… mas amavam o dever até á morte se preciso fosse!

Gente que ousava e até… trocava tempo!

Gente que carregava “zargas” á cabeça!

Da labuta diária fazia parte o constante passar de carros de gado (com carradas de agulhas, de moliço, de sal, de trancas, de abóboras do Palhal…), (o carro do burro com peixe, com fruta…)

Agitação e movimento constante de sol a sol! Desde as Ave-marias ao toque das Trindades! Agitação que dava vida e cor a esta aldeia!...

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