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Areias inconstantes, simples e soltas da Gândara, deram origem a um povo
simples, aberto, solto, persistente, sofrido, fazedor de soluções para o seu
dia-a-dia.
Capaz de se adaptar e influenciar o meio que o envolve e sociedade que
integra.
O Seixo também já teve feira! Aqui se desfaziam dos produtos de que
abdicavam por considerarem supérfluos, “gulapeiros”, em detrimento do
necessário essencial.
Aqui compravam, vendiam e trocavam produtos. Aqui trocavam experiências,
ensinamentos. Aqui enriqueciam de forma estranha numa contínua troca de teres e
conhecimentos!
Povo crente! Que cresceu á sombra da torre da Igreja onde o Sr. Cura ou
Abade eram órgão máximo na gerência e orientação de toda a Comunidade.
Gente que fixou nuvens de areia! Que transformou areias soltas e simples
em terrenos produtivos!
Gente que se adaptou ao rigor do tempo e criou condições para, por
conhecimentos adquiridos, viver em plena harmonia com tudo e todos! Até com os
animais que explorava!
De manhã e á noite, cabeça encostada entre os quartos traseiros e as
costelas da vaca, mãos nos tetos em movimentos verticais de cima para baixo e
de aperto intermitente, de massagem, precisos e constantes, vão libertando do
úbere o precioso líquido!
Leite que de manhã e á noite, é entregue na leitaria.
Gente que ia á feira apalavrar. Gente que negociava em plena rua
produtos e vivências. Gente que respeitava e se fazia respeitar dando á palavra
mais valor que muitos documentos hoje lavrados nos Cartórios!
Aqui se trocavam e negociavam ferragens, cereais, tamancos, peixe,
vinho, comidas, roupas, barros, batatas, plantas, porcos, bovinos, aves,
chupas, tremoços…
Gente que olhava os tempos e, com base nos ensinamentos que oralmente
lhes foram sendo transmitidos pelos antepassados, ousava fazer futurismo,
sentenciar o presente e vaticinar ocorrências futuras!
Gente que labutou nas olarias a fazer adobes, de sol a sol…
Gente que partiu para os “Brasis”, para as “Américas” e Europa na
procura e luta pela concretização de um sonho!
Gente que, com sangue, suor e lágrimas, se entregava durante mais de
vinte e quatro meses, de corpo e alma, lá longe, muito perto do Cabo das
Tormentas ou da Boa Esperança, a defender a Pátria amada, por imposição! Que
amor… mas amavam o dever até á morte se preciso fosse!
Gente que ousava e até… trocava tempo!
Gente que carregava “zargas” á cabeça!
Da labuta diária fazia parte o constante passar de carros de gado (com
carradas de agulhas, de moliço, de sal, de trancas, de abóboras do Palhal…), (o
carro do burro com peixe, com fruta…)
Agitação e movimento constante de sol a sol! Desde as Ave-marias ao
toque das Trindades! Agitação que dava vida e cor a esta aldeia!...
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